POEMA DE MANUEL ROCHA DEDICADO ÀS FIGURAS POPULARES DE RIO MAIOR
Escrito a 6 de novembro de 2008
RECORDAR PARA NÃO ESQUECER...
Manuel Carreira Rocha, poeta Riomaiorense, infelizmente já desaparecido, foi uma referência na poesia popular de Rio Maior, tendo inclusive publicado um livro com grande parte da sua obra, “Nascentes da Minha Vida”.
É de sua autoria este “delicioso” e inspirado poema, cremos que inédito, escrito em 6 de Novembro de 2008 (passam agora quinze anos).
Através de pessoa amiga, que gentilmente nos fez chegar, aqui deixamos o mesmo:
FIGURAS POPULARES DE RIO MAIOR
Quem em Rio Maior nasceu,
Trabalhou ou cá viveu
De alcunhas se deve lembrar.
De povo que já partiu,
Ou que aqui jamais se viu
Mas do mesmo eu vou falar.
Como Tomás Preto, Rétébé,
Fatangas e o Calamé,
Mimi, Ratinho e Toureiro,
O Zé Toucinho e o Xô-Galo,
O Marreco e o Regalo,
O Carapau e o Barateiro.
Muitos havia a recordar,
Mas decerto irão ficar
Alcunhas por descrever.
Também sabem certamente
Que nesse tempo havia gente
Que tinha alcunha sem saber.
O Zé Pato e o Zé Magala,
O Ministro, o João d’Laura,
Petinga, Tibúrcio e a Marião,
Pardalinho e o Zé Feijoca
E o Cácum da mesma tropa
Dos tempos que já lá vão.
Lembro depois o Tremoceiro,
O Zé-da-Capa padeiro,
O Jeitoso e o Piriquita,
O Guedelha e o Cortiço,
O Joaquim Cão e o Rabiço,
O Borato Soda e o Rebita.
Pois assim a versejar,
Continuo a recordar
Outras alcunhas também,
Como o Zé Cuco e o Cartuxo
O Zé da Ana e o Caguncho,
Tonho Gato e Alfredo-da-Mãe.
Eu não quero ser maçador,
Lembro ainda o João Doutor,
O Zé Chora e o Pimpão.
O Rei do Sebo e o Tremês,
Burgesso, Zé Pita e o Maltês,
A Laur’Oleira e o Sacristão.
Quero ainda lembrar,
Os já esquecidos se calhar
Perna Azeda e o Corneta,
Russo, Louro e Rachadinho,
Adelino Cagado e o Cordelinho,
O Bimbo, Zarolho e o Maneta.
Houve ainda o João Velhote,
O Palavra e o Rapazote,
Praieiro, Barafunda e o Paté,
Papa-la-Uva e Caldeireiro,
O Zé Bravo e o Cabreiro,
Manuel Leites e o Café.
Sem ofender eu alguém,
Vou lembrar ainda também
Outros mais que eu conheci,
Que em Rio Maior habitaram
E de residência mudaram
Pois por cá jamais os vi.
Ti’Maria Quinquilheira,
A pequenina Peixeira,
O Coco e a Ti’Biana.
Raul dos Burros e Labau,
O Pintassilgo e o Calhau
E o Amaral da Cigana.
Houve o Borrascas e Batatinha,
A Fadoca e o Perninha
E o Cunha Cauteleiro.
O ‘Trucato’ e o Cardeal,
Gilberto Curto e o Pardal.
O Sobe e Desce e o Rasteiro.
Quem não lembra o João Selão,
Rosa d’Telhado e Carvão,
O Crianças e o Changaria.
O Sebento e o Piafó
E também o Zé d’Avó
E o Besugo da Freiria.
Porque não ainda lembrar,
Com todo o respeito falar
De outras alcunhas também,
Como a do Talho, a Cassola,
Queixa-Rebeca e a Ti’Anolha,
O Carcaça e o Zé-Natém.
Lembro o Zira e o Algibeira,
A Ti’Catrina Gateira,
O Lambordas e o Estininho.
O Nicho e o Tiro Taberneiro,
O Augusto das Vacas e o Poleiro,
Armando Ranhoca e o Geninho.
Termino com a Ti’Requeta,
Com o Esparguina e o Cometa,
Grão-de-Bico e o Sardão.
O Saloio bem conhecido,
O Chanita não esquecido,
O Tanano e o Joaquinzão
Recordei agora então,
Alcunhas dos que já lá estão
Que nesta terra viveram.
Símbolos de Rio Maior,
Ou mesmo aqui do redor
Que nunca, nunca esqueceram.
Deus os tenha em bom lugar,
Por todos nós a esperar
Até que chegue a nossa hora.
E à família peço eu perdão
De falar dos que já lá estão
E recordá-los hoje e agora.
MANUEL CARREIRA ROCHA
6/11/2008
(introdução de Arlindo Araújo, amigo do autor)
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