top of page

Periodicidade: Diária

9/29/2024

  • comercioenoticias

PROFESSORES DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE RIO MAIOR ESTIVERAM ESTA MANHÃ EM AÇÃO DE PROTESTO


À semelhança do que já aconteceu ontem na Escola Marinhas do Sal, hoje foi a vez dos professores da Escola Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira, em Rio Maior, realizaram uma ação de protesto contra as mais recentes medidas apresentadas pelo Ministério da Educação.

Dezena de professores concentraram-se numa manifestação, à qual se juntaram a Associação de Estudantes e a Associação de Pais daquele estabelecimento de ensino, numa greve que teve uma adesão superior a 80%.

Ao Comércio & Notícias, a Professora Manuela Dâmaso, porta-voz desta ação de protesto, frisou que “há muito tempo que o Governos nos desrespeita”, salientando estar naquela escola há 40 anos. “Sinto-me parte integrante e por isso luto não só pela escola, mas sobretudo pelo futuro da escola. Temos alunos que querem ser professores. Como é que os alunos vão escolher uma profissão onde com 25 ou 30 anos de carreira se leva para casa 1.400 euros?”, questiona.

Manuela Dâmaso entende que “a avaliação de desempenho é uma farsa porque não melhora o ensino, o que faz é com que se trave a progressão na carreira. Há muitos outros aspetos que nos desagradam, como a burocracia que nos deixa exaustos. Nós somos intelectuais, nós temos que ler, temos que nos atualizar, temos que estar preparados para preparar os nossos alunos dentro daquilo que é mais recente nas áreas científicas”, salienta.

“O que nós temos de fazer é grelhas Excel para justificar toda e qualquer atuação da nossa parte. É inadmissível, eu que já estou na carreira há tantas décadas, sinto que se não fosse a minha experiência e o meu gosto extraordinário em ver o brilho dos alunos na sala de aula era mais uma das que já tinha saído”, revelou ainda a docente.

Prosseguindo, Manuela Dâmaso disse ainda que” a gota de água é a possibilidade da municipalização da educação, só essa possibilidade nos assusta, não só aqui em Rio Maior, mas no país inteiro. Nós sabemos que há sempre notícias que nos apontam para situações menos claras que ocorrem em diversos municípios do Minho ao Algarve. Nós temos que não permitir que isto nos aconteça. Nós não podemos deixar que o intelectual, que é o professor, que está ao lado do aluno e das suas famílias para ajudar as próximas gerações seja transformado num animador digital, um funcionário que é gerido para cumprir tempos de entretenimentos com meninos. Nós somos mais do que isso e eu não me sentiria bem se tão próxima da reforma não lutasse por uma escola que tem de ficar para os meus colegas e para os meus alunos”.

A docente destacou ainda que “o que fizemos aqui hoje é uma lição que queremos dar ao Ministério da Educação e aos Sindicatos, pois eles têm que se unir, eles são fundamentais, se não fosse a história do sindicalismo nós não tínhamos as regalias que temos hoje, mas a partir do momento em que se dividem e ficam uns contra os outros ou que negoceiam sem conversar connosco é o Governo que está novamente e de uma forma perversa a conseguir reinar e isso é lamentável”.



Manuela Dâmaso proferiu ainda: “Se conseguirmos que os sindicatos se unam e nos defendam já valeu a pena nos manifestarmos em frente às escolas, ensinando ao mesmo tempo aos nossos alunos que temos de lutar por aquilo em que acreditamos. Neste momento o que temos de fazer é lutar por uma carreira que tem de ser alterada para ficar digna, para podermos ter professores no futuro e não apenas alguém que cumpra o perfil que algum município considere útil para o seu território”.

A finalizar, a docente entende que “nós fazemos um bom trabalho e somos humilhados pela própria tutela. Não nos podemos esquecer quer houve uma Ministra da Educação que nos chamou ‘professorezecos’ e isso é inadmissível”, lamenta.

Também António Coito, Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Rio Maior, falou à nossa reportagem, salientando que “nós enquanto estudantes, e estamos praticamente a terminar o nosso percurso escolar, conseguimos ver que esta já é uma luta que dura há imenso tempo. Eu recordo-me perfeitamente quando entrei na escola perceber que a carreira dos meus professores tinha começado a ser congelada”.

“Estamos agora numa luta que já não é só nesse sentido, mas que ultrapassa também todas outras problemáticas que estão aqui envolventes, e os alunos claramente que ‘bebem’ esta luta diária que os professores têm como uma forma de adquirir novos valores, de como se vive em sociedade, de como nós devemos desenvolver aquele que é o espirito critico, aquela que é a nossa posição na vida em sociedade, e portanto se o Ministério da Educação quer que se formem aqui jovens com todas essas competências nós conseguimos ver que os jovens aplicam todas essas soft skills na prática, que é aquilo que se pretende, e a luta que os professores têm tido é obviamente um exemplo”, realça.

António Coito disse ainda que “temos aqui jovens que têm pais, têm familiares que são professores e que acompanham diariamente tudo aquilo que está a acontecer in loco. Também nós na escola conseguimos perceber que os professores estão a ficar desgastados e que já está na altura de haver uma valorização na carreira porque muitos de nós também queremos ser professores, mas não vemos que haja condições necessárias para que isso aconteça”, concluiu o Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Rio Maior.


904 visualizações0 comentário

Comments


onde comer

telefonesuteis.jpg
Gina Morais.png
RIOGRAFICA.jpg
bannered.png
Banner Riomagic.jpg
bottom of page