O TRABALHO REMOTO E A TECNOLOGIA 5G COMO MOTORES DE DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR
Um dos principais problemas que afeta parte do território português é a desertificação. O interior do país debate-se há décadas com o problema crónico da falta de oportunidades de emprego. O envelhecimento da população, a falta de infraestruturas e o encerramento de serviços básicos e essenciais são fatores que têm agravado a situação.
Porém, vivemos agora um período que pode ser uma verdadeira oportunidade para combater a desertificação e os seus efeitos colaterais!
Desde a pandemia que nasceu um sentimento de maior apreço e apelo pela qualidade de vida que o interior do país pode proporcionar. A possibilidade de viver numa zona com mais espaços verdes, onde as casas tendem a ser maiores e muitas vezes estão enquadradas em pequenas localidades que oferecem um verdadeiro sentimento de comunidade.
Papel do 5G no combate à desertificação do interior
Assim, fruto desta redescoberta do interior, há cada vez mais pessoas interessadas em estabelecer-se no interior do país. E, por outro lado, também existe um número crescente de empresas que passaram a aceitar o trabalho remoto.
Existe uma oportunidade real de repovoar o interior, atraindo milhares de jovens trabalhadores que podem realizar o seu trabalho de forma remota. Trabalhar a partir de casa é uma tendência que não irá desaparecer e que continuará a ganhar peso, especialmente entre os trabalhadores do sector tecnológico.
Mas para que tal possa acontecer é necessário que exista uma rede de internet fiável nessas zonas. Atualmente ainda não existe uma rede de internet de alta velocidade em todo o território nacional e as zonas do interior são as mais prejudicadas.
É por esse motivo que o 5G ganha destaque no combate à desertificação do interior. O governo português já admitiu que é necessário reforçar as redes de 5G e fibra ótica nas zonas onde ainda não existe e até prevê usar uma parte dos fundos do programa “Portugal 2030” para essa finalidade.
Desta forma, há uma luz no fundo do túnel para algumas zonas do país onde conseguir uma ligação de internet estável, que permita trabalhar durante algumas horas seguidas, é considerado um luxo.
A internet é vista como a autoestrada do futuro, e pode contribuir até para responder a problemas demográficos em países como Portugal.
A redescoberta do interior
Encontrar exemplos de trabalhadores do setor tecnológico que estão a abandonar as cidades grandes e a rumar para o interior já não é uma tarefa árdua.
Uma das muitas empresas que passou a promover o trabalho remoto é a AWISEE, uma agência de SEO de Lisboa, que permite que os seus colaboradores trabalhem a partir de qualquer local.
Uma dessas trabalhadoras é a Joana, uma escritora criativa que se mudou de armas e bagagens, com o seu marido e filho de 5 anos para uma zona próxima das Caldas da Rainha. Ali, o espaço não é problema, e o contacto com o campo e os animais é uma constante na vida da família.
Ao final de 6 meses de mudança a avaliação feita, tanto pela Joana como pela empresa, é positiva. Joana refere que sente que a sua produtividade aumentou, pois consegue trabalhar num espaço mais agradável e onde se sente bem. Além disso, o marido e o filho também estão muito agradados com a mudança, o que, em última análise, também contribui para o seu bem-estar e aumento de produtividade.
Resta aguardar pela expansão da rede de internet de alta velocidade no país, para que algumas zonas do país que já foram rotuladas como “aldeias perdidas” ou “aldeias fantasma”, possam rejuvenescer das suas cinzas e oferecer oportunidades e experiências de vida aos novos habitantes.
Comentarios