A FESTA DA PADROEIRA E O VINHO TEOBAR
A Festa de Santa Maria, naquele tempo, trazia à Benedita um mar de gente das freguesias vizinhas. Até os Capristanos organizavam transportes especiais, nomeadamente de Rio Maior.
As cerimónias religiosas eram o ponto alto com a inesquecível procissão. O Padre Tiago tinha a difícil missão de substituir o carismático Padre Inácio, transferido para outra paróquia, no ano anterior. A verdade é que o novo sacerdote revelou-se um orador nato, na missa solene.
A parte profana teve como momento mais esperado a atuação do conjunto ribatejano “Figueira Padeiro”.
O “Olival da Senhora” com as suas mil e duzentas oliveiras já não existia, mas, mesmo assim, a produção de azeite na freguesia tinha sido excelente. As adiafas estavam feitas. Já não se ouvia o búzio do Joaquim Mariano que, ao nascer do sol, chamava os assalariados para os olivais. Os pequenos e médios proprietários estavam felizes. Os homens que tinham andado no “varejo” e as mulheres que andaram na apanha da azeitona, viram o seu pecúlio aumentar. Por isso, as pinhoeiras, vindas da zona do Pinhal de Leiria, não tinham mãos a medir e, mais vezes que nos anos anteriores, usavam a medida de meio litro.
Estávamos em 1959. O visual daquelas mulheres era já uma mescla do passado com a modernidade que vinha a caminho. Tinham, ainda, contudo, arrecadas nas orelhas e cordões de ouro ao pescoço.
A grande originalidade das festas, nesse ano, aconteceu na taberna/mercearia do António do Carmo. Além do tradicional barril, era possível ver, nas prateleiras de vidro, garrafas de vinho. Ainda me lembro que eram escuras e tinham gravado “Vinho de Mesa – Teobar, Armazéns João F. Barbosa, Ldª, Rio Maior”. Era, “histórico” os beneditenses poderem ver, ao vivo, o primeiro vinho engarrafado em Portugal, cujo anúncio passava todas as noites, na RTP, antes do Telejornal.
O António do Carmo estava muito contente e ia dizendo “é vendido a copo”.
Por João Maurício
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