“A LAMENTÁVEL INVASÃO” EM RIO MAIOR
Por João Maurício
O livro “A Lamentável Invasão” - a história da 3.ª invasão francesa na região de Alcanede (1810-181)” foi-me oferecido, em 2022, pela Junta de Freguesia de Alcanede. O autor é João Duarte de Melo Ataíde. Por vicissitudes várias, só agora tive a oportunidade de ler esta pequena obra que é, contudo, rigorosa em termos históricos. Como o título diz, o tema está centrado naquela vila vizinha, mas deixa-nos muitos detalhes sobre Rio Maior e as suas aldeias.
A 3.ª invasão francesa começou na primavera de 1810. Os franceses comandados pelo marechal Massena, entraram em território português pela Beira.
Considerada por muitos historiadores como a mais trágica das invasões, a região de Rio Maior e as suas gentes foram vítimas da “barbárie” francesa. As nossas terras foram “reduzidas a pó”.
O historiador Luz Soriano considerou-a, por isso, como “a lamentável invasão”, já que as tropas napoleónicas revelaram o “lado mais negro do ser humano”.
Em novembro de 1810, o general Mermet passou por Rio Maior a caminho de Tomar, deixando muitos estragos por onde as suas tropas passaram. As populações da nossa região destruiu árvores de fruto e produtos alimentares para que não fossem usados pelos franceses.
Na sua marcha de Leiria para Lisboa, Massena foi encontrar todas as povoações da nossa região despovoadas e sem recursos de sobrevivência. Muitos riomaiorenses refugiaram-se no interior das Linhas de Torres, onde chegaram doentes e esfomeados. A maioria das povoações foram saqueadas e muitas casas incendiadas. Martirizadas foram Alcobaça, Leiria e Rio Maior. Neste “triângulo” geográfico instalou-se o caos e a miséria.
Rio Maior ficou “a ferro e fogo” e essa realidade manteve-se na memória coletiva durante muitos anos. Podemos dizer que as terras riomaiorenses levaram quase um século a recuperar. Citamos, por exemplo, o caso do Outeiro da Cortiçada, onde o vigário deixou escrito que o exército de Massena maltratou as mulheres locais e “mataram algumas”. Diz-nos, ainda, que os habitantes locais não tinham “medico ou serurgião nem remédios de Botica para se socorrerem nas moléstias” (ortografia da época).
Foram terríveis os tempos da terceira invasão.
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