A PANDEMIA E O ASSOCIATIVISMO
Artigo de Opinião de Dário Marcelino (Presidente do Moto Clube de Rio Maior)
O vírus não entra nas motos, mas desde que este entrou para as estatísticas no país do real porreirismo, ainda não houve um dia que não se perdessem vidas derivado a ele, como tal, entra nas pessoas.
Mil seiscentas e tal mortes, centenas de contágios diários, mais de quarenta mil pessoas que deveriam estar em confinamento, um vírus facilmente repassado, que quando não mata deixa graves mazelas, concelhos com altas taxas de infetados, lares, fábricas… a vida continua, para aqueles que não lhe tropeçam.
Em sociedade é fácil ter acidentes, stress, distração, mas esta pandemia pode causar stress, ansiedade, mas não podemos andar distraídos, não podemos ser irresponsáveis, muitas outras doenças matam, gripes etc., mas esta é altamente contagiosa é uma doença social, quem facilita, ignora, é irresponsável.
O Moto Clube de Rio Maior continuou a fazer sócios pós pandemia, atualmente com 269, muito nos custa estar sem atividade, quantos clubes conhecem que tivessem atividades mensalmente, com média de 60 participantes. Hoje limitamo-nos a pagar rendas, obras e pouco mais.
A direção troca ideias virtualmente, eventos anulados, outros igualmente vão passar na incerteza da atual situação mundial, se legalmente não se podem juntar mais de 20 pessoas, e não as podemos selecionar, como tal essa percentagem não se adapta ao nosso clube.
Por sua vez somos confrontados nas redes sociais com “grandes” grupos, participantes de várias zonas reunidos em “saudáveis” voltas, que acabam em picnic, ou em determinado restaurante.
Por obrigação social somos obrigados a lidar uns com os outros, mesmo em concelhos com alta taxa de infeções, o povo não é estacionário, e muitos ainda pensam que este vírus é uma ilusão e, passa-lhes completamente ao lado quaisquer níveis de prevenção, quer uso de máscaras ou distanciamento social.
Criou-se então um novo fenómeno, se antes os Moto Clubes eram o fomento para estes eventos, hoje muitos que preferiam andar sozinhos, ou a única rota era o café da praia mais próxima, organizam grandes passeatas com grande número de participantes, em que vai quase quem quer, para não falar nos espetaculares encontros neste ou naquele café. Até a nível das entidades oficiais é de bradar aos céus as respetivas selfies de grupo e, os almoços tudo bem juntinho nos passeios dum determinado domingo.
Somos confrontados com fotos e vídeos reais, de pessoal sem máscara, sem qualquer distanciamento, bem juntos para tudo caber na angular da câmara, ainda recentemente no meio da serra da Lousã, cruzei-me com um grande passeio de motorizadas, que iam para uma grande almoçarada… será que está tudo bem? espero que esta minha perspetiva não passe dum excesso de cuidado.
Tenho partilhado muitas rotas de viagem, ideias, apelo aos sócios para andarem sozinhos, ou em família, também eu as minhas folgas dou as minhas voltas… sozinho, com a minha marmita e, os meus pensamentos negativos, pois não era assim que queria andar, mas com o fantástico grupo do nosso Moto Clube.
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As associações estagnaram na legalidade, a 8 de julho foi despachado pelo Gabinete do Ministro de Estado (Despacho nº 7006-A2020) que entre outras instalações podiam abrir as atividades recreativas, mas desde que haja um parecer técnico da DGS e pelo membro do Governo responsável pela área.
Temos um grande espaço na nossa filial, com o devido distanciamento e regras de higiene, dentro da legalidade “até” seria possível abrir portas, alguns Moto Clubes já o fizeram e voltaram a fechar, mas por todo o raciocínio que atrás descrevi e, como também temos sócios que acham que o vírus não é real, é conspiração, todas as regras que fossem impostas seriam um risco para a saúde publica.
Vemos um mundo a arder, temos que ter as barbas de molho, infelizmente continuaremos com as portas fechadas.
O Presidente do Moto Clube de Rio Maior
Dário Marcelino
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