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Periodicidade: Diária

12/22/2024

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CENAS DO QUOTIDIANO – RECORDANDO ANTÓNIO FELICIANO JÚNIOR


Conheci António Feliciano já lá vão quase sessenta anos, quando foi meu professor no antigo colégio Luís de Camões. Durante quinze anos, fomos colegas de trabalho numa escola local, e, no Região de Rio Maior, estivemos juntos mais de um quarto de século. Conhecia-o muito bem, num convívio quase diário.

O professor Feliciano era daquelas pessoas que são cada vez menos. Enquanto diretor do jornal, sofreu alguns agravos. Reagiu sempre com bonomia, própria de quem fomentava a verdadeira caridade cristã. Um homem de outro tempo que, contudo, lançava sempre um olhar para o futuro. Uma pessoa boa, no sentido amplo do termo, generoso, profundamente bairrista e católico convicto. Como ele me contou, esteve envolvido no Movimento “anti-Prec”, mas tinha respeito pelos que, do ponto de vista ideológico, pensavam de modo diferente do seu. Fraterno, solidário e conciliador, era um fator de união entre as pessoas.

Dirigiu a Escola Secundária de Azambuja num tempo difícil, mas, até aí, conseguiu lançar pontes e ultrapassar fraturas.

Escrevia muito bem, num estilo clássico, mas, ao mesmo tempo, direto e, por isso, chegava muito bem às pessoas. Foi pena não ter deixado as suas memórias escritas. Seriam um contributo para a História de Rio Maior do século XX. Serviu o concelho, à sua maneira, antes e depois do 25 de Abril, sempre com verdade. Como qualquer um, tinha defeitos, mas estes diluíam-se perante as suas muitas qualidades.



Infelizmente, não foi atribuído o seu nome a uma rua da cidade onde nasceu. Um erro de “palmatória” de sucessivos executivos municipais, de cores políticas diferentes. É sabido que a memória dos homens é curta. Neste caso concreto, não vamos por aí. Não é fácil perceber esta problemática. Terá sido esquecimento? Desleixo? Ao invés, há artérias cujo nome não faz sentido nenhum, como sucede no Bairro da Chainça, onde alguma da toponímia está desfasada da realidade histórica do concelho.

Apenas um exemplo: não vivemos no Minho nem nos Açores. Daí, não ter qualquer nexo o nome da Rua das Hortênsias, entre outros.

Aproxima-se o centenário do nascimento do professor António Feliciano Júnior que será no segundo mês de 2024. Nunca me disse que gostaria de ter o seu nome numa rua da sua cidade, mas naquele seu estilo subtil, por várias vezes, deixou no ar a ideia de que gostaria de não ser esquecido.

Por tudo isto, apela-se a quem de direito, que a figura do Professor Feliciano fique recordada para sempre. Seria uma justa homenagem.

Tenho a certeza de que, se fosse vivo, ficaria muito feliz!

Por João Maurício



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