CUSTÓDIO MALDONADO FREITAS E RIO MAIOR
Por João Maurício
Capítulo I
Vi-o uma única vez, na Benedita, onde chegou a ser proprietário da Farmácia Central. Morreu, pouco depois, em 1964.
Fisicamente, era uma pessoa pequena, mas tinha uma coragem enorme. Ser-se da oposição, como era o seu caso, não seria para todos. Tornou-se uma figura quase lendária e polémica, muito conhecida em toda a região oeste.
Custódio Maldonado Freitas nasceu em Atalaia da Barquinha, em 1886. Frequentou a Escola de Farmácia do Porto. Fixou-se nas Caldas da Rainha, após concluir o curso. Sabemos que, quando foi implantada a República, em 1910, já Custódio tinha a sua farmácia nas Caldas.
Foi maçónico e adepto militante das ideias republicanas e, também, da carbonária. Conspirador e contestatário, já no fim da monarquia foi preso, durante setenta dias. Em 1911, fez parte da Comissão-redatora da Lei da Separação da Igreja do Estado. A reunião onde foi redigida aconteceu na casa de férias da Foz do Arelho, de Francisco de Almeida Grandela.
Adeptos da ditadura de Pimenta de Castro, em 1915, organizaram um tumulto junto à sua residência e farmácia que foram incendiadas.
Custódio escapou à morte “por um fio”. Na base desta atitude, estariam comportamentos anti-religiosos, facto que Maldonado sempre negou. Hoje, está provado que assim foi. Sendo anti-clerical, a verdade é que era amigo de alguns clérigos ligados à oposição: o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, e o Padre Abel Varzim. Apoiou os frades do Convento de S. Bernardo que haviam fugido de Peniche, nos tempos conturbados da Primeira República.
Foi muito amigo do Dr. João Soares, pai de Mário Soares.
Em Caldas da Rainha, foi Presidente da Junta de Freguesia, Administrador e Presidente da Câmara Municipal, Delegado do Ministério da Agricultura e Presidente de Administração do Hospital Rainha Dona Leonor.
Enquanto Deputado, propôs uma amnistia para os revoltosos monárquicos de Monsanto, numa tentativa de pacificação social do País. Ainda como deputado lutou pelos superiores interesses de Rio Maior. Falaremos desse aspeto da sua biografia no próximo capítulo.
(Continua)
Foto de Custódio Maldonado Freitas, retirado, com a devida vénia, da obra “Caldas da Rainha vista em cem Biografias” de Mário Guilherme Nobre Soares, editada em 2004.
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