D. ANTÓNIO CAMPOS – PRECURSOR DA CRIAÇÃO DA DIOCESE DE SANTARÉM
Por João Maurício
II
O Jornal "A Voz de Alcobaça", dirigido pelo bondoso e conciliador Dr. Basílio Martins, não era propriamente um jornal católico. Foi uma publicação onde gostei muito de escrever, durante muitos anos.
Esse facto trouxe-me alguns "amargos de boca", vindos de um outro "devoto" mal intencionado.
Aquele controverso mensário, já extinto, teve a elegância, a elevação e a dignidade de, na edição de 25 de Abrit de 1984, colocar a figura de D. António Campos no seu "Quadro de Honra", colocando a ideologia de lado.
Transcrevemos, apenas, uma parte do seu curriculum, transcrito nesse jornal: - «Tendo feito os seus estudos no Seminário de Santarém e no Seminário de S. Sulpício, em Paris, foi ordenado em 1926 e cantou, em 29 de Agosto desse ano, a sua primeira missa no Mosteiro de Alcobaça.
Foi, sucessivamente, professor e prefeito do Seminário de Santarém, professor e vice-reitor do Seminário de S. Paulo, em Almada, "Beneficiado", Cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, prior da freguesia da Lapa, em Lisboa, Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa.
Publicou os livros "Catequese - Notas de Pastoral Catequística" e "A Plenitude do Sacerdócio - O Bispo".
Acompanhou o Cardeal Patriarca em diversas missões no país e no estrangeiro, nomeadamente, nas Festas de S. João de Deus, em Granada.
Fez viagens de estudo pedagógico-pastoral a Espanha, França, Inglaterra, Holanda, Suíça, Turquia, Egipto, Bélgica, Grécia, Itália, Síria e Terra Santa.
Possuía a Comenda da Ordem de Cristo.
D. António Campos veio "de baixo". Foi pároco em Lisboa. A preparação dos padres, por razões variadas, até à chegada do Cardeal Cerejeira à Diocese de Lisboa, era rudimentar. Apostou, então, a figura máxima da igreja portuguesa, em enviar os melhores alunos dos seminários maiores, para a prestigiada Universidade Gregoriana de Roma, uma escola religiosa de elite, dirigida pelos jesuítas. Inicialmente, eram poucos os sacerdotes das várias dioceses do país, que rumavam à Cidade Eterna. Procurava-se, assim, criar uma lista de possíveis bispos.
Quando o meu tio, o Padre Doutor Fernando Maurício lá estava, também, a estudar (1952-1955), foram os seguintes alunos que chegaram ao bispado: D. António Ribeiro (Patriarca de Lisboa); D. António Marcelino (Bispo de Aveiro); D. Serafim Ferreira e Silva (Bispo de Leiria-Fátima) e D. Manuel Martins (Bispo de Setúbal).
D. António Marcelino, inicialmente Bispo Auxiliar de Lisboa, lutou muito para criar a chamada Diocese de Oeste, com sede nas Caldas da Rainha, mas o processo acabou por não avançar.
D. António Campos foi dos poucos que "rompeu" este "estigma académico" e, mesmo assim, chegou a Bispo Auxiliar de Lisboa.
Não tinha um curso superior tirado em Roma ou noutra universidade católica como, por exemplo, Salamanca. Frequentou, apenas, um Seminário, em França.
(Continua)
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