D. MANUEL CLEMENTE – O HISTORIADOR
Por João Maurício
D. Manuel Clemente vai sair de cena pela ordem natural de uma realidade chamada tempo.
É uma pessoa distinta, muito inteligente. Tem uma qualidade enorme – coisa rara nesta sociedade tão mediatizada – é muito discreto e aparece, quando deve aparecer. Até na Jornada Mundial da Juventude teve um grande recato. A “estrela” era o Papa.
Foi um patriarca de Lisboa na linha dos seus antecessores: os cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. Chamar-lhes-íamos de intelectuais, porque profundos.
Manuel Clemente não foi um cardeal reformista, talvez, até, um pouco apagado, acusado de ser conservador, mas curiosamente sempre apoiou o Papa Francisco.
Injustamente, houve quem tentasse colocar o seu nome na lama, mas eu tenho-o por ser um homem de carácter e sério.
Terá sido pouco ativo em algumas situações, mas não mais do que isso. Para mim - e é isso que mais me interessa - estamos perante um grande historiador. Aprendi muito com os seus programas de História da Igreja que passava na RTP 2, quando era bispo do Porto. Um grande comunicador, simples e profundo, com uma enorme facilidade em relacionar factos e foi um professor distinto da Universidade Católica.
Foi “Prémio Pessoa”, condecoração que só é atribuída a alguns.
Não tem uma obra muito vasta, na área do estudo na História, porque os cargos que ocupou não o permitiram.
Este torriense de eleição passa, agora, a estar mais disponível. Vamos esperar que ainda tenha tempo para registar por escrito o seu imenso saber. Os seus livros têm todos muita qualidade. Destaco a sua obra magnífica
“Igreja e Sociedade Portuguesa – Do Liberalismo À República”, obra de elevado rigor histórico.
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