DR. FRANCISCO BARBOSA – APONTAMENTOS PARA A SUA BIOGRAFIA
Por João Maurício
Já lá vão sessenta e tal anos que o Dr. Francisco Barbosa operou um familiar próximo, no velho Hospital de Alcobaça. Salvou-lhe a vida.
O nome do médico foi por mim fixado, mas depois deixei de ouvir falar dele. Após uns quinze anos, nas Termas da Piedade, o Dr. Arinto, por razões das quais já não me recordo, contou-me parte da história do Dr. Barbosa. Tinham sido colegas, em Coimbra. O Dr. Arinto era natural do concelho de Torres Novas e fixara-se em Alcobaça.
Teceu os maiores elogios ao seu colega Francisco – uma pessoa competente e inteligente, segundo me disse.
O Dr. Arinto esteve próximo do médico “riomaiorense” e referiu-me que fora seu ajudante, muitas vezes, no bloco operatório alcobacense.
No exterior do Hospital de Alcobaça, situa-se um pequeno monumento, onde estão gravados os nomes de onze médicos, os mais distintos, que lá trabalharam ao longo dos tempos: aí, estão os nomes de Francisco Barbosa, Pereira Arinto e, também, o de Oliva Monteiro, que foi meu médico e que era senhor de um trato fino e de uma educação requintada.
Foi, ainda, o clínico torrejano que me contou que o Dr. Francisco Cândido Monteiro Barbosa tinha um prestígio enorme em Alcobaça. Reunia, às quartas feiras, naquela vila com os clínicos da sua área da região do Oeste. As palestras do Dr. Francisco tinham tal nível científico que eram conhecidas como “as aulas da faculdade de Medicina de Alcobaça”. Sobre a sua atividade, em Rio Maior e Santarém, outros mais sabedores poderão opinar com mais rigor.
Não é por acaso que, entre nós, existe uma rua com o seu nome e um busto que o recordam para sempre. Francisco Barbosa foi um eminente cirurgião num tempo em que as condições de trabalho dos clínicos eram extremamente difíceis.
Nasceu em Turquel, em 1908, onde o seu pai era farmacêutico, mas vivei, aqui, desde pequeno. Foi assistente, no I.P.O., do Dr. Francisco Gentil, fundador daquela instituição hospitalar e uma das mais notáveis figuras da medicina portuguesa.
Nota 1 – António Feliciano Júnior, que conheceu o Dr. Barbosa de perto, disse-me um dia: “- era um cirurgião prestigiado, tinha uma personalidade forte, mas era, também, uma pessoa simples, como é apanágio dos grandes homens”. Maior elogio não pode haver.
Novais Granada, que foi professor no antigo Colégio Luís de Camões e escrevia muito bem, publicou no Correio da Manhã, um belo texto sobre o Dr. Francisco Barbosa. O texto, até, teve impacto em Turquel, terra natal do médico. Infelizmente, não o consegui encontrar.
Nota 2 – Qualquer jornalista, mesmo amador, como é o caso, não deve ser notícia, nunca. Vou abrir, hoje, a título excecional, uma exceção.
Comecei neste mundo dos jornais, muito antes do 25 de Abril. A jornada vai longa e, em determinada altura, pensei em terminá-la. Tudo tem um fim. Mas … há sempre um “mas”. Como escreveu o filósofo espanhol Ortega Y Gasset “o homem é o homem e a sua circunstância”. O “Comércio & Notícias” abriu-me as portas e eu entrei.
Este é o artigo nº 50. Comecei, aqui, em setembro de 2022, timidamente. Grandes planos já não faço. Uns textos foram mais conseguidos do que outros. Como tudo na vida. Espero que venham mais cinquenta.
Mais uma vez, o meu obrigado ao “Comércio & Notícias” e aos nossos leitores.
Nota 3 – Contrariamente ao que publicámos num texto anterior, Rio Maior já tem uma rua com o nome de António Machado Feliciano Júnior.
As nossas desculpas pelo lapso.
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