MUSEU RURAL DO LANDAL E O ENCONTRO COM O PASSADO
O Museu Rural do Landal do Centro de Desenvolvimento Comunitário do Landal é um espaço onde se guarda uma coleção etnográfica repleta de utensílios, utilizados na agricultura e nos ofícios pelos habitantes locais.
Aí é possível encontrar, por exemplo, moldes dos famosos “tijolos burro” e utensílios para escavarem os poços de água. Destaco a “galena” de Manuel Lúcio: um rudimentar rádio de fabrico artesanal, que tem por base um mineral. Através daquela “engenhoca”, a população ouvia o som, por exemplo, dos “Parodiantes de Lisboa” ou a Hora do Terço.
A palavra “Landal”, segundo a tradição vem de “lande”, o fruto do sobreiro, árvore que em tempos recuados abundava na região.
Durante a visita, o guia chamou a atenção para um objeto algo estranho, não só pelo tamanho como, também, pela configuração. Tratava-se de uma torradeira de bolota, com um século de vida. Recordamos que, em tempos antigos, a bolota era usada na alimentação humana.
O Museu Rural do Landal, que já luta com falta de espaço, dada a quantidade de objetos, é, no fundo, um encontro com o passado: preserva e perpetua os usos e costumes para as gerações vindouras, saberes, memórias de vida do quotidiano rural de povoações nossas vizinhas. Ali, está a reconstrução de duros trabalhos e de tempos que já não voltam. Uma fotografia da realidade de outrora.
Os toneis, a mesa de sapateiro, vestuário bem antigo, moedas há muito desaparecidas, balanças que já não se usam. Um longo acervo de alfaias agrícolas. Uma cama de ferro, onde descansaram os que tanto labutaram, um tapete bastante original, com cem anos, máquinas de costura, ferramentas de carpinteiro, do tempo em que a energia elétrica era uma miragem, cântaros de água, vasilhas para o azeite, um fogareiro bem pequeno, usado pelos mineiros de Rio Maior, um gasómetro. E muito mais!
Se todos aqueles utensílios falassem, tinham tanta história para contar!
Elogiamos o Centro de Desenvolvimento Comunitário do Landal por ter recolhido aqueles valiosos objetos.
Notas finais – resta informar que esta visita foi integrada numa atividade da disciplina de Língua Portuguesa, da Universidade Sénior de Rio Maior, organizada pela professora Irene Mateus. Um obrigado à minha colega, ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia do Landal, Armando Monteiro e à Direção da Instituição referida, que nos facultaram a oportunidade de visitar o Museu, com visita guiada.
Quando se escreve um texto, este é sempre lido de modo díspar, consoante o leitor. Mesmo assim, tomo a “ousadia” de deixar, aqui, algumas notas sobre a temática museológica.
Conheço os museus locais de S. João da Ribeira e de Azambujeira, que têm, sem dúvida, grande valor patrimonial. Rio Maior, neste campo, tem um deficit - entre nós não existe um museu municipal, ao contrário, por exemplo, dos concelhos da nossa região, nomeadamente, Porto de Mós, Peniche, Bombarral, Cadaval, Óbidos, Batalha e Cartaxo.
Ter uma dessas estruturas culturais é uma brilhante forma de eternizar o passado de qualquer município e, também, de promover o turismo local.
Passamos ao lado, nesta área específica, dos apoios comunitários. Se é bem verdade que as autarquias têm os seus constrangimentos financeiros, recordamos, contudo, que concelhos com menos recursos que Rio Maior, fizeram uma aposta na promoção dos seus museus municipais.
Por João Maurício
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