OS CANTEIROS DA SERRA DOS CANDEEIROS

Por João Maurício

Os canteiros eram homens habilidosos, verdadeiros artistas formados no terreno. Manejavam o escopro e o martelo com grande mestria. Trabalhar a pedra era uma atividade que foi passando de geração em geração. Eram eles que, nas pedreiras da Serra dos Candeeiros, cortavam a pedra usando métodos ancestrais.

Foi durante os anos cinquenta do século passado, que as pequenas e rudimentares oficinas de cantaria tiveram o seu apogeu. Nesses tempos, os canteiros começavam a trabalhar logo que o sol nascia e terminavam quando o sol desaparecia sobre o mar. Deslocavam-se para as pedreiras, a pé ou de bicicleta. Levavam consigo o seu modesto almoço numa cesta de verga ou numa saca de pano. Se as pedreiras se situavam perto da sua habitação e se o tempo estivesse bom, eram as respetivas mulheres que levavam o almoço com a comida quente aos maridos e aos filhos. Sendo os canteiros mal pagos, como todos os trabalhadores, eram, contudo, os trabalhadores das pedreiras os que eram mais bem pagos, se os compararmos com os carpinteiros, os sapateiros ou os trabalhadores agrícolas.

Nos anos sessenta do século passado, vieram homens da região de Coimbra, nomeadamente de Ançã, trabalhar para as pedreiras da Serra dos Candeeiros. O povo anónimo chamava-lhes "Os Coimbras". Não é por acaso que em Cantanhede existe o Museu da Pedra.

É longa a história dos canteiros da Serra dos Candeeiros. Foi das Pedreiras (localidade do concelho de Porto de Mós) que saiu parte da pedra usada na construção do Mosteiro da Batalha e dos Moleanos saiu, também, pedra para a construção do Mosteiro de Alcobaça.

Esta atividade é, também, bem antiga no concelho de Rio Maior. A verdade é que, talvez por erro nosso, encontrámos poucas referências aos canteiros riomaiorenses. Um tema a explorar.

(Continua)