OS CANTEIROS DA SERRA DOS CANDEEIROS
Por João Maurício
II
Tito Larcher no "Diccionario Biographico Chorographico e Historico do Distrito de Leiria e Concelho de Villa Nova D'Óurém", obra editada em Leiria, em 1907, refere-se à rudimentar indústria da pedra que existia no distrito de Leiria. Manuel Vieira Natividade, no livro "Alcobaça d' Outro Tempo" (1906), referindo-se ao concelho vizinho, diz que "só nos Moleanos, Turquel e Benedita se conservam, ainda hoje, exportando em grande quantidade. Referia-se "às cavoucas ou pedreiras de calcareo compacto e silicioso".
Nota - Respeitámos a grafia da época.
As cavoucas eram pedreiras ou buracos na terra, donde se extraía o calcário. Esse era trabalhado pelos canteiros e transformado em mós dos moinhos de vento e em galgas para derreter a azeitona.
Existe outra documentação, de difícit acesso, onde se prova que, já no início do século XX, havia pedreiros na serra. A matéria prima já trabalhada - as cantarias - era vendida, na maior parte, para fora da região. O Código de Posturas Municipais do Concelho de Alcobaça de L921., diz-nos, no capítuto Vl," Baldios e terrenos públicos e lavra de pedreiras”, afiigo 40 «A exploração de pedreiras nos baldios ou terrenos municipaes só será permitida com previa licença da Câmara e pagando o concessionário a taxa fixa de 1$00, além do preço do arrendamento contratado entre ele e a Cârnara. A contravenção deste artigo e do antecedente é punida com multa de 3$00 além da perda da matéria explorada». (Ortografia da época).
Júlio Cismeiro, empreiteiro que construiu grandes obras, quer do Estado, quer privadas, abriu muitas portas aos pequenos industriais da área das pedras, da Serra dos Candeeiros. Foi o caso, por exemplo, da igreja de São João Baptista, de Coruche, inaugurada em 1958.
A Legislação deste setor era rudimentar. A que saiu antes de 1917, era muito genérica. Diremos mesmo que os contratos da exploração das pequenas pedreiras eram, muitas vezes, contratos verbais. Em 1927, saiu nova legislação. Por exemplo, a G.N.R. passou a fazer a respetiva fiscalização, tendo por objetivo prevenir acidentes. Em 1939, os proprietários das pedreiras passaram a ter de fazer uma declaração à Direção Geral de Minas e Serviços Geológicos.
(Continua)
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