OS NOVOS MOTOCICLISTAS E OS HÁBITOS DO MONGE
Artigo de Opinião de Dário Marcelino (Presidente do Moto Clube de Rio Maior)
Em tempos de dever cívico de confinamento, pensamos muito e, há temas que nos trazem à reflexão.
Os veículos de duas rodas são a mais pura essência de mobilidade, por essa Europa fora as grandes cidades foram adaptadas a eles, fazendo as deslocações casa trabalho, ou lazer, menos penosas em tempo e, estacionamento.
Com carta, andei 12 anos só de moto (não tinha automóvel), deixando para trás 120.000 km em dois ciclomotores e outros tantos numa Casal de 4 que nunca os registou. Já tive tantos “desastres” que nem me lembro.
Com o passar dos anos e a sinistralidade grave, inerente a este tipo de veículos, houveram várias adaptações, chegou a ser “multa” conduzir sem carta e, nos anos 90 passou a crime rodoviário.
Os entraves das seguradoras, com o passar dos anos conduzir moto é risco, seguros de acidentes pessoais caros e, contra todos os riscos só associados a créditos ou com preços proibitivos. Todos nós sabemos que é arriscado andar de moto, é perigoso, elas normalmente não param sozinhas em pé, temos que ser o segundo motor da “coisa”.
Nos meus tempos de juventude, apendíamos a andar nas velhinhas motorizadas, umas lentas, aceleras, 2,3,4,5 e 6 (7 Cagiva Mito) velocidades, muitas artilhadas, a passarem a margem dos 100 km/h.
Nesse tempo, na aldeia onde vivia, havia o táxi do Ti Xico, a Bedford to Ti Zé Paulos e, mais dois ou três veículos de 4 rodas. Acabavam os bailaricos e era “picanço” até de manhã, lado a lado a fundo, mas… dificilmente os veículos que citei ou outros andariam na estrada, ou melhor raramente andavam.
Uma 125 há 20 anos atrás era um motão, as motorizadas de tambor travavam mal, suspensões da treta, um perigo, uma 125, ui travão de disco, motores com o quadruplo da potência uma coisa à seria, havia delas a dar 160 km/h, loucura.
Uma 250, 500, sete e meio, 1000, ui eram aos quartos de hora a olhar cada pormenor com os olhos a brilhar, que sonho, 1800 contos nunca vou ter uma moto destas, que show, 290 km/h 3 segundos dos 0 aos 100, 10 segundos aos 200, espetacular.
Nesse tempo havia muitos acidentes, e graves, uma pequena percentagem (25%) sobreviveu à “praga da mãe”, “quando tiveres 25 anos isso das motos passa”, crises casamentos, emigração fizeram que na década de 2000 tivessem desaparecido muitos motociclistas.
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Hoje, muitos vem das cartas de carro, que em 2015 lhes conferiu habilitação para as 125 limitadas, como nos anos 90 era para as 50cc. Podes conduzir, mas se calhar não sabes…
Depois quem quiser hoje ser habilitado a andar de moto, começa aos 16 anos, com 125 limitadas depois aos 18 com limitação de potência, etc etc.
Muitos outros, já tem categoria B (carta livre) há muitos anos, mas há muitos anos, que não andavam de moto… e assim o “hábito” não fez o monge.
Somando isto, a que hoje o Ti Xico tem 5 carros, e na aldeia cada um tem X carros ao quadrado, resumindo, é uma equação muito “lixada”, dividindo o problema, por um sistema de formação e fiscalização retrógrada, temos que impor uma condução defensiva.
A juventude quer acelerar num mundo cheio de veículos, em que 90% desses veículos um simples sinal de mudança de direção. não é feito 5% os piscas não funcionam. Problemas.
Conclusão, aos que pensam que sabem, aos que querem saber, imponham uma condução defensiva, ou sejam pilotos e vão correr nas pistas, para que consigam passar estes maus cenários todos e, passem uma vida a andar de moto.
Saudações motociclísticas.
O Presidente do Moto Clube de Rio Maior
Dário Marcelino
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