PORTUGAL EMPRESARIAL EM CRISE: CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA
Artigo de Opinião de Sérgio Ferreira (Presidente da Direção da AECRM)
Estamos nós, cidadãos e empresários, no decorrer deste flagelo que se abateu sobre o Mundo com graves consequências para a economia e para a generalidade da população, a pensar, quais as soluções que os políticos, o Governo e a UE estão a promover para lidar com a atual situação do COVID-19, bem como a sua real eficácia. Na realidade, não se consegue ver nas suas mais recentes medidas, soluções práticas para o problema económico que se avizinha.
Sabemos já à partida, que o sector empresarial será posto à prova, num desafio de exigência “Herculânea”, tal é a impotência e falta de preparação em lidar com problemática desta dimensão. Sabemos também, que provavelmente até não serão só as empresas que irão viver dificuldades económicas, mas também o estado Português, visto depender financeiramente da coleta de receitas de impostos para levar a cabo o exercício das suas responsabilidades face ao país, aos credores e aos portugueses, dependendo para isso da visão, estratégia e pragmatismo por parte dos seus agentes mais diretos, os governantes do estado central. O Governo.
O Governo encontra-se assim, perante um desafio que o coloca à prova, a sua capacidade, bem como a capacidade do Estado em fazer face a esta calamidade. Não obstante da dificuldade da sua tarefa, (proteger os cidadãos desta pandemia e ao mesmo tempo salvaguardar a economia) é nestes momentos que o país, sector empresarial e cidadãos mais necessitam de respostas.
Não é o que se tem verificado em termos satisfatórios. O Governo promove linhas de apoio ao sector empresarial que não passam de atenuantes de superfície, face ao real panorama que começamos a vislumbrar por este país fora. A realidade, é que o sector empresarial nacional, composto na sua vasta maioria de micro, pequenas e médias empresas, não possui tesouraria para enfrentar tamanho iato de funcionamento, tamanha disrupção de cadeias de produção, tamanho período de inoperância de balcões, lojas etc. Marcado pela recente crise de 2008, a desconfiança nos mercados e hesitação face ao crédito bancário, fazem desta pandemia, a real doença que ameaça o mundo empresarial. E o Governo? O Governo vem ao longo dos recentes anos afirmando que Portugal está no caminho certo, de uma economia de forte incitamento ao consumo a viver um tal “milagre económico” que agora observamos tratar-se de uma farsa.
Da falta de estímulos à economia, passando pelo “assalto” que é a carga fiscal praticada, ainda somos ridicularizados ocasionalmente por quem se afirma Ministro desta República. Sim, refiro-me à recente estirada do Sr. Ministro Santos Silva quando afirmou "um dos problemas das empresas portuguesas é a sua fraquíssima qualidade de gestão”. Pois bem Sr. Ministro, o que dizer então dos Srs. Ministros e do Governo durante este mau período que nos assola?
Temos vários exemplos pelo mundo fora onde chamo a atenção para a Grã-Bretanha onde o Governo lançou um programa de concessão de 20 bilhões de libras em isenção de impostos e subsídios a empresas. Cada uma delas poderá receber até 25 mil libras, a depender de seu tamanho, sem ter de se endividar como proposto em Portugal. Esta medida efetivamente garante liquidez às empresas de modo a conseguir fazer face aos compromissos que têm perante fornecedores, empregados e clientes assim como manter o “emprego, emprego, emprego” que o Sr. Primeiro Ministro pede.
Esta pandemia, vem pôr a nu, a fragilidade do estado e a incapacidade do Governo em apresentarem respostas efetivas e céleres em tempos de crise.
Para quem tinha dúvidas, sabe agora que pouco teremos a nosso favor. Valerá a motivação, fibra e resiliência naturais, que estão presentes em cada Português.
Nestes tempos são requeridos grandes líderes mundiais, nacionais e até locais, não líderes com visão de morcego que só emitem sinais. As tomadas de decisão têm de se mostrar objetivas e de clara leitura onde realmente procurem proteger os cidadãos, as empresas, a economia e o país.
Seguem abaixo os links onde os empresários podem ver um resumo das medidas extraordinárias de apoios às empresas e trabalhadores realizado por @carmoafonso assim como a explicação dos layoff´s por parte do departamento jurídico da AECRM.
Sérgio Ferreira
Presidente da Direção da AECRM
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