QUE FIQUE PARA MEMÓRIA FUTURA
Por Joaquim Nazaré Gomes
Aconteceu há 48 anos. Foi no dia 13 de julho de 1975, em Rio Maior. Estávamos em plena ditadura Gonçalvista com a Comunicação Social Nacionalizada bem como as maiores empresas, os seguros e a banca. Sucediam-se as ocupações selvagens às herdades, empresas e demais estruturas da lavoura no Alentejo e Ribatejo.
A única estação de televisão bombardeava a toda a hora os chavões do socialismo (“Morte aos latifundiários! O poder aos trabalhadores!” “A terra é de quem a trabalha” “O Povo é quem mais ordena!”). Quem não era comunista era chamado de Fascista. As greves sucediam-se na cintura industrial de Lisboa e os donos das fábricas eram obrigados a abandoná-las.
Foi neste ambiente que a Liga dos pequenos e médios agricultores afeta ao Partido Comunista vinha ocupando todos os grémios da lavoura a partir do Sul, tendo marcado a ocupação do grémio local de Rio Maior para o dia 13 de julho de 1975, ao meio-dia.
Como o país vivia numa situação de medo, ninguém ousava enfrentar a ditadura instalada. E foram os agricultores de Rio Maior os primeiros a oporem-se ao estado de terror imposto pela extrema-esquerda, concentrando-se na porta do seu Grémio cerca de 400 agricultores, não permitindo que a ocupação fosse levada a cabo.
Houve escaramuças, apreensão de espingardas aos ocupantes, a destruição da sede do Partido Comunista e da frente socialista. Foi o primeiro grito de revolta! Aos agricultores de Rio Maior juntaram-se agricultores de todos os cantos de Portugal. Foi uma luta constante durante os 4 meses que se seguiram, com manifestações e plenários em todos os Concelhos contra a situação que se vivia no País e contra a lei 406-A que instituiu a reforma agrária (que mais não era do que a legalização das ocupações selvagens).
Este movimento agregou não só agricultores, mas também população anónima e militares moderados e culminou na tarde de 24 de Novembro, numa manifestação com milhares de pessoas de todo o país, em Rio Maior, dando o mote para os acontecimentos registados no dia 25 de Novembro de 1975. Foi esta a data em que a esquerda reacionária foi derrotada e finalmente reposta a democracia que havia sido prometida em 25 de Abril.
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