RIO MAIOR E A ESTRADA D. MARIA I
Por João Maurício
II
Em 2006, a Associação dos Agricultores da Região de Alcobaça lançou uma obra, de cariz histórico e de grande qualidade.
O conteúdo do livro é “top” e o aspeto gráfico é excelente. Curiosamente, o livro foi impresso em Rio Maior. Os autores são Pedro Gomes Barbosa, professor da Faculdade de Letras de Lisboa e Maria da Luz Moreira, responsável do Arquivo Histórico da Câmara Municipal da Batalha.
O título do livro é “Seiva Sagrada – a agricultura na região de Alcobaça -notas históricas”.
Neste estudo, diz-se que antes da construção da Estrada D. Maria I, a circulação na nossa região era difícil. Dizem-nos os autores que havia uma estrada “desde a Venda da Costa até aos Carvalhos (atual lugar de Pedreiras – Porto de Mós), que era má”. Nesse tempo, 1765, as viagens eram penosas, já que, para percorrer meia légua, levava-se uma hora.
Suzanne Chantal, no livro “A Vida Quotidiana em Portugal ao Tempo do Terramoto”, diz que “as estalagens existentes, nomeadamente nesta zona, tinham condições deploráveis. Os viajantes para dormir ou até para comer, era necessário recorrerem ao padre ou a magistrados locais, mas estes também não pareciam ter boas acomodações, vivendo os padres, frequentemente, da boa vontade dos paroquianos e os magistrados com casas bastante sujas e sem condições, que espantavam os estrangeiros”.
Os viajantes tinham o cuidado de trazer as provisões, mudas de roupa e camas. Traziam, também, produtos para desinfetar os locais onde iam pernoitar. Por aqui, foram passando solitários viajantes, alguns estrangeiros, verdadeiros aventureiros. Todos eles encontraram, no século XVIII, um país atrasado, sem vias de comunicação dignas desse nome. Rio Maior não era exceção.
D. Maria I seguiu os conselhos dos técnicos e optou por mandar construir uma nova estrada, a qual obedeceu às técnicas mais modernas, na época. Segundo o estudo, essa estrada real teria de ter “quarenta palmos de largura” para além dos muros que teriam o objetivo de aumentar a segurança.
A Estrada D. Maria I fez aumentar a circulação de pessoas e bens, tendo contribuindo para o progresso do País.
D. Maria I (1734-1816) teve uma vida complicada. Morreu no Brasil e está sepultada na Basílica da Estrela, em Lisboa. Usando uma linguagem simples, diremos que não foi uma grande rainha. A monarca teve, contudo, a sabedoria de se rodear de instituições e pessoas qualificadas como, por exemplo, o Real Corpo de Engenheiros que veio a incorporar militares alemães, figuras fundamentais para tornar o sonho em realidade.
Deixamos, neste breve apontamento, uma referência ao Professor Artur Teodoro de Matos, antigo docente nas universidades dos Açores, Nova Lisboa, Macau e da Católica e que se dedicou à investigação do tema que aqui nos trouxe.
(continua)
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