RIO MAIOR E A ESTRADA NACIONAL N.º 1
Aníbal Rodrigues Dias Correia era licenciado em Direito, Presidente da Comissão Concelhia da União Nacional das Caldas da Rainha e Notário e Conservador do Registo Civil naquela cidade. Era deputado na Assembleia Nacional. A 2 de fevereiro de 1966, proferiu um longo discurso, no plenário dirigido ao Ministro das Obras Públicas, Arantes e Oliveira e, ao mesmo tempo, dirigiu, também, palavras para o Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, o caldense Paulo Rodrigues.
O assunto era a abertura do troço da EN1, entre a Venda das Raparigas e S. Jorge. A dada altura disse: “acontece que esta importante via de comunicação (EN1), sofreu ultimamente uma completa e perfeita beneficiação no troço que vai do cruzamento do Montejunto até S. Jorge, pela localidade denominada Venda das Raparigas, diminuindo em 16 Kms a distância que ligava estas localidades por outras estradas, proporcionando a todos os que utilizam veículos rodoviários e que se dirigem de Lisboa para Leiria ou vice-versa, maior comodidade e economia de tempo. Os benefícios das alterações introduzidas no referido troço da Estrada Nacional Nº1, são a todos os títulos louváveis e de indiscutível interesse nacional.
Até aqui, tudo certo. O pior foram as outras palavras de Aníbal Correia: “… podemos considerar o troço da estrada agora beneficiada entre Montejunto e São Jorge, passando por Rio Maior e Venda das Raparigas, como uma estrada monótona, sem variedade e sem interesse para o turista, pois não atravessa qualquer localidade de relevo e nem para o automobilista, comerciante ou industrial que se dirija para Leiria, Coimbra ou Porto”.(o sublinhado é nosso).
É evidente que esse novo trajeto teve um grande impacto no desenvolvimento económico da nossa região. As palavras do Dr. Aníbal Correia eram, no fundo, reflexo da maneira como o governo da ditadura olhava para as terras mais pequenas e mais rurais. Havia, em alguns setores do regime, medo que Óbidos, Caldas da Rainha e Nazaré perdessem importância turística, devido à construção da nova estrada.
O tempo, o passar dos anos, mostrou como essas ideias eram mais do que erradas.
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A Estrada Nacional Nº1, pomposamente apelidada de IC2, colocou Rio Maior no mapa. Pena é que os sucessivos governos pouco tenham investido na melhoria da via. Louvam-se as obras que decorrem nos concelhos de Alcobaça e Rio Maior. Infelizmente, a melhoria do IC2 entre a freguesia de Asseiceira e Aveiras continua a ser, sucessivamente, adiada. Recordamos que para as populações dos concelhos de Rio Maior e Porto de Mós, da Batalha e Alcobaça, esta estrada é o caminho mais perto para se chegar a Lisboa.
Nota – O troço da EN1, entre Alto da Serra e S. Jorge, foi inaugurado em 28 de agosto de 1965.
João L. Pereira Maurício
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