RIO MAIOR E AS LINHAS DE TORRES
Por João Maurício
I
Rio Maior está, profundamente, ligado às invasões francesas. Existem imensos detalhes por revelar e estudos por fazer.
Fala-se muito, de facto, de Junot ter sido ferido aqui. Sendo verdade, a história tem detalhes por desvendar. A mulher de Junot, madame Junot, como era conhecida, tinha uma personalidade complexa: inteligente, astuta, perspicaz, esbelta, malévola, trocista, perversa, felina e observadora. Deixou um diário, onde descreve o que aconteceu ao marido, em Rio Maior. Diz-nos que, após ter sido ferido, o general foi levado pelos maqueiros para uma capela que existia no Gato Preto. Foi deitado sobre as lajes do chão e socorrido pelos cirurgiões do exército de Napoleão.
Este é um pequeno detalhe, mas o que aqui nos trouxe é a questão das Linhas de Torres.
Da obra “A Logística do Exército Anglo-Luso na Guerra Peninsular – Uma Introdução”, da autoria do General Gabriel Espírito Santo e Pedro de Brito, vamos transcrever um excerto que se refere ao dia 6 de outubro de 1810:
«De Rio Maior, onde estaciona a 6 de Outubro, Wellington dirige um Memorando ao tenente-coronel Fletcher, responsável pela construção, e ao comissário sobre a forma de ocupar as Linhas de Torres Vedras, ao mesmo tempo que informa o embaixador Charles Stuart, - de que não deve saber da localização sobre essa ocupação».
As linhas seriam organizadas, territorialmente, e inicialmente, em seis distritos, guarnecidas por Milícias, artilharia regular, britânica e portuguesa, e artilharia conhecida por Ordenanças. O Distrito nº1, que se estendia de Torres Vedras até ao mar, com o seu comando em Torres Vedras, seria guarnecido por 2.470 Milícias, 250 Ordenanças a guarnecer artilharia, 140 efectivos de artilharia regular portuguesa e 70 efectivos da artilharia regular britânica. O Distrito nº 2, de Sobral de Monte Agraço ao Vale do Calhandriz, com o comando em Sobral, seria guarnecido por 1.300 Milícias, 300 Ordenanças a guarnecer artilharia, 140 efectivos de artilharia regular portuguesa e 40 de artilharia regular britânica. (…).
Este dado era por nós desconhecido e realça a importância de Rio Maior no quadro da resistência à ocupação napoleónica.
(Continua)
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