RIO MAIOR E AS “MEMÓRIAS DE MASSENA”
Editada em 2007, só agora nos chegou às mãos a obra “Memórias de Massena, Campanha de 1810 e 1811 em Portugal”. O livro tem como autor o general Jean Baptiste Fréderic Koch, comandante de armas e admirador de Massena.
Koch fez um longo trabalho de pesquisa que deu origem à referida obra. O prefácio é de António Ventura, Historiador e Professor Universitário.
André Massena, (1758-1817), de origem humilde, recebeu elogios de Napoleão, realçando as suas qualidades como militar.
Em julho de 1810, o exército francês invadiu Portugal e retirou-se em abril de 1811. Estávamos perante a última campanha napoleónica contra Portugal.
O livro é uma narrativa fundamental para compreendermos a movimentação das tropas francesas na nossa região.
O General Koch coloca-se no papel de vencido e, por isso, omite a “barbárie” das tropas de Napoleão. Segundo os relatos do Padre Fonseca (não relatados no livro), na época, pároco do Outeiro da Cortiçada, as forças inimigas causaram, aí, prejuízos incalculáveis: roubaram trigo, vinho, azeite, queimaram móveis e casas, maltrataram a população local, nomeadamente, as mulheres. Deixam um rasto de fome e miséria.
Nunca a população do Outeiro sofreu tanto: uma terra mártir.
Lemos, por aí, que não há registos dos efeitos das invasões francesas em Rio Maior. Não é verdade. O que falta é um trabalho de pesquisa sobre o tema. Por exemplo, é quase sempre omitido o facto das tropas de Napoleão terem incendiado a fábrica de curtumes existente na vila. Por estudar em profundidade, está, também, o levantamento exaustivo feito por alguns párocos, precisamente na região de Rio Maior, a pedido do Patriarca Eleito, D. António Calheiros, em março, de 1811.
Para terminar, diremos que o Outeiro, antes da terceira invasão, tinha 361 habitantes e que os franceses mataram 16 pessoas e outras 120 morreram de fome e de epidemias, num curto espaço de tempo, causadas pela situação que as pessoas viviam.
Por João Maurício
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