RIO MAIOR E O NOVO HOSPITAL DO OESTE
Por João Maurício
II (Conclusão)
A opção Alfeizerão é uma não notícia.
Já depois de ter “alinhavado” a primeira crónica, o Jornal de Leiria (14/0272023), publicou a notícia de que “o presidente do Município de Alcobaça disse ontem, em reunião de Câmara, que quer colocar Alfeizerão na corrida pelo futuro hospital da região Oeste”. Enfim, foi quebrado o silêncio, mas de modo errado, na nossa opinião e não só!
A grande resposta, escrita de uma forma muito simples, foi dada por um leitor do jornal online, “Benedita, para onde vais?”, que diz textualmente: «Como beneditense, quero o hospital no eixo Óbidos-Caldas da Rainha-Rio Maior”. Argumenta o péssimo estado da estrada entre Benedita e Alfeizerão, apelidando-a de “esburacada, sem bermas e caminho de cabras”, entre outros atributos. E conclui “Claramente, para os beneditenses, o Novo Hospital do Oeste deve ser no município de Caldas da Rainha e não no de Alcobaça”.
Diz, ainda, que a opção Alfeizerão “é uma não notícia”. Creio que o leitor se refere à estrada mais curta entre a Benedita e S. Martinho do Porto que passa por Santa Catarina, Cumeira e Casal Pardo.
É, de facto, uma via imprópria dos tempos modernos, até pelo traçado. Eu, que por lá passei tanta vez, direi, como tantos outros, que essa via é incapaz de servir uma unidade hospitalar!
Em jeito de desabafo, digo que Caldas da Rainha é a capital natural de um conjunto de municípios do Oeste. Sempre foi assim. Já era, quando eu andava na escola primária, há sessenta e tal anos. Quando havia um problema mais complicado de saúde, comprar um vestuário mais requintado, ou pedir ajuda a um advogado mais especializado, ia-se às Caldas.
A primeira vez que fui a Leiria, a minha capital de distrito, foi para fazer o exame do segundo ano dos liceus. Leiria ficava muito longe e Caldas muito perto.
Levar-nos-ia muito longe este tema, mas urge terminar. Elogio a Câmara de Rio Maior por ter aderido a esta “luta”. O ideal seria, sem dúvida, o hospital ficar no limite dos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos. Se ficar no Bombarral, será um mal menor. Se o hospital for para Torres Vedras, tal opção prejudicará, e muito, a nossa região.
Lamentamos as afirmações de Rui José Prudêncio, presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste que ficou “pasmado” por Rio Maior apoiar a criação do Hospital do Oeste. O tal senhor tem uma visão muito estreita do tema. O país não está dividido de uma forma fundamentalista: O Minho, o Litoral, o Alentejo, o Oeste, o Pinhal Interior, a Estremadura, etc. Idealizar o país em fatias é um erro. As várias divisões do país encaixam-se entre si. Nas Bocas do rio Maior, acaba um concelho e começa outro, acaba o Ribatejo e começa a Estremadura, acaba a diocese de Santarém e começa a de Lisboa, e por aí fora. Mas não são mundos antagónicos, completam-se a si mesmos.
O Oeste não é uma zona estanque. Não pode ser. Deve ser aberta aos vizinhos. Até porque as divisões administrativas têm sempre algo de utópico e discutível!
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