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Periodicidade: Diária

12/22/2024

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RIO MAIOR E OS SAPATEIROS DA BENEDITA


As ligações históricas entre Rio Maior e a Benedita são muito antigas, seculares.

Hoje, vamos escrever sobre a temática do calçado, na freguesia vizinha, atividade que “se perde na poeira do tempo”,.

Como sobre o assunto não há quase nada redigido, em 2015, resolvi escrever o livro “Os Sapateiros da Benedita e sua história”. Um trabalho difícil, longo, solitário.

Os sapateiros da Benedita tinham um trabalho duro e com poucos proventos económicos.

Os clientes eram: o povo que comprava nas feiras e os donos das pequenas lojas das várias localidades quase todas na zona Oeste, Ribatejo, na área da Grande Lisboa, no distrito de Setúbal e em algumas vilas alentejanas.

Deixamos, aqui, a referência a alguns antigos sapateiros da Benedita que vendiam o produto do seu trabalho em terras de Rio Maior.

Simão Marques Faustino Patrão (1939-2022) era sapateiro no Intermarché de Rio Maior. Foi ele que me “salvou” dessa encruzilhada. Quando algumas “portas” se fecharam, Simão foi de uma prestabilidade rara. Nasceu na Portela do Chamiço (na zona norte da freguesia da Benedita). Viveu, aí, a sua meninice e a adolescência, no meio de sapateiros: familiares e vizinhos. Desde cedo, sentiu o cheiro das solas e dos cabedais. Ainda no início dos anos cinquenta do século passado, aprendeu as “manhas do ofício”. Simão tinha saudades das gaiolas de madeira com pintassilgos nas oficinas e dos alguidares de barro para deixar a sola de molho. Simão era um dos últimos velhos sapateiros da Benedita que sabia fazer um sapato do princípio ao fim.

Era um contador de histórias verdadeiras que serviram de base para o meu livro que apareceu à luz do dia, em 2016. Considerado, por alguns, uma obra menor, a verdade é que o mesmo teve impacto na imprensa nacional, como o Correio da Manhã, e regional, nomeadamente, em jornais dos distritos de Aveiro, Leiria e Santarém.

Obrigado, Simão, pala sua colaboração!


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Hoje, há muitos beneditenses que são operários nas modernas fábricas de calçado, mas habilidosos sapateiros como Simão, já quase não existem.

Recordo, também, Adelino Costa Mateus (1927-2000) que nasceu na Pedra Redonda (na zona norte da freguesia da Benedita). Aprendeu o ofício com o pai (António Mateus). Semanalmente, ia de burro, até ao Alto da Serra, onde recolhia o calçado para consertar e tirar as medidas para o calçado novo. Na semana seguinte, voltava para entregar as encomendas. As pessoas de outras aldeias do concelho de Rio Maior, contribuíam para o aumento da clientela, como Asseiceira, e Arrouquelas. Com o passar dos anos, já de bicicleta, foi conseguindo cada vez mais clientes. Acabou por se fixar nos Casais dos Silvas (Abuxanas), onde continuou a arte de sapateiro, fazendo consertos e calçado novo, como botins por medida. Mais tarde, estabeleceu-se na sede do concelho.

Também, o sapateiro Manuel Violante veio a Rio Maior, vezes sem conta. Tinha uma oficina no Taveiro (na zona sul da freguesia da Benedita), nas décadas de quarenta e cinquenta do século passado. Deslocava-se para vender calçado à zona de Arrouquelas.

Martinho dos Santos, também sapateiro beneditense, no início do século XX, fazia-se transportar numa mula, e percorria o concelho de Rio Maior, recolhendo calçado velho que, depois, reparava.

Lembro-me de José da Silva (1905-1987), natural dos Candeeiros (na zona nascente da freguesia). Fabricava calçado fino e tinha vários clientes em Rio Maior.

Aqui, ficam estes dados curiosos, para que a memória não se perca!

Por João Maurício


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