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Periodicidade: Diária

12/22/2024

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RIO MAIOR, QUE FUTURO?


Um dia destes vamos acordar (se não tivermos já acordado) e vamos ter uma Benedita, uma Aveiras de Cima, ou outra qualquer "aldeia", das quais nos "riamos" há 30 anos, a ser portadora de um peso económico na região muito superior ao de Rio Maior, “aldeias” essas que irão certamente querer juntar a esse peso económico, o peso político, quem sabe até mesmo ao nível da criação de concelhos, levando a possíveis repercussões na dimensão do nosso.

Mas este desenvolvimento não acontece só ao nível das “Aldeias”, se olharmos à nossa volta, Alcanena, Almeirim, Azambuja, enfim, quase todas vilas ou cidades à nossa volta prosperam e crescem, não só ao nível económico, mas também ao nível geográfico.

Para este preocupante panorama, teremos de voltar algumas décadas atrás e aos decisivos anos do boom económico de final dos anos 80 a meados dos anos 90. E se durante os seis mandatos consecutivos do executivo camarário de então, muita coisa foi bem feita, tantas outras foram feitas, no mínimo, de forma deficiente.

Podemos começar pela concentração de tudo e mais alguma coisa no centro da cidade, assim, em vez de se promover o alargamento territorial da mesma, promoveu-se o centralismo quase vertical, centro de estágio com estádio municipal incluído, pavilhão multiusos, que no local em que se encontra, e nas duas vezes por ano em que é usado, leva a que pelo menos um quarto da população do concelho passe uma semana sem conseguir dormir, o mercado municipal, sem estacionamento, escolas, cineteatro, até a própria câmara municipal e o seu novo edifício.

Tudo foi feito o mais perto possível do centro da cidade (atenção que eu não sou contra estas infraestruturas, sou apenas contra a sua localização), já para não falar no trânsito, que até há poucos anos estava idealizado de forma a que, quem precisasse de se deslocar de uma ponta da cidade para a oposta, tinha quase que forçosamente de passar pela “rotunda do largo”.

Por outro lado, durante esse período, uma mais ou menos bem idealizada e, a julgar pelos exemplos anteriores, estranhamente bem localizada zona industrial, foi desenvolvida a sul da cidade.

Infelizmente, pouco mais que isso foi feito, pois muitos dos recursos disponíveis têm sido quase invariavelmente usados no desenvolvimento das infraestruturas desportivas e/ou de suporte à actividade desportiva.

Basta dar uma volta pela dita zona industrial, ou como lhe chamam agora, parque de negócios, para nos apercebermos imediatamente das muitas deficiências ali existentes. Por exemplo, e logo para começar, a quase inexistência de sinalética rodoviária, a quase inexistência de bocas de incêndio e, se for à noite, também a quase inexistência de iluminação pública.

Podemos constatar também, ruas com reparações em terra batida, muitos dos passeios transformados em bermas, buracos sinalizados por grades verticais e canas, que alguém se deu ao trabalho de colher e as meter no buraco, ruas com ondulações do asfalto que quase fazem inveja às da Nazaré, tampas de esgoto super elevadas em relação ao asfalto, etc. É uma realidade que dá que pensar.

Se de alguma forma se pudesse exemplificar a importância que esta zona industrial tem para as autoridades locais, podíamos, por exemplo, começar pela importância dada à “via” que liga a cidade a esta infraestrutura, verdadeiro cordão umbilical.

Estreita e de bermas fundas, com deficiente sinalética, com variadíssimas entradas e saídas, lençóis de água quando chove, sem passeios nem passadeiras, com rectas longas que apelam a que quase ninguém cumpra os limites de velocidade, etc., etc., etc.

Depois de pelo menos dois projectos com vista ao alargamento e modernização desta via, em que nenhum deles, felizmente, viu a luz do dia, e digo felizmente, porque nenhum deles prestava (entre outras alarvidades, três vias, uma para um lado e duas para o outro alternando ao longo do trajecto, cheia de rotundas pelo meio, etc.) o que, na realidade, mostra que se calhar ainda há por aí alguém com alguma visão de futuro.

Acontece que desde o primeiro dia, a industrialização da nossa cidade, foi sempre algo que foi ficando para segundo plano.

Desde a fraca mentalidade dos empresários e da elite local, à exploração mineira e às linhas de montagem dos camiões MAGIRUS e dos automóveis SAAB (aqui instaladas graças à celebre “lei da montagem” do Salazar) do início da segunda metade do século passado, nada conseguiu criar e, mais importante ainda, manter em Rio Maior um “hub” industrial e tecnológico que fosse não só dinamizador da indústria local, mas também suficientemente robusto para se ter prolongado ao longo das décadas seguintes, tal como aconteceu noutros concelhos.

Apenas a TECNOVIA, as Indústrias de Carnes NOBRE e, depois de muito padecer, a indústria da fabricação e montagem de carroçarias e atrelados para camiões, também esta importante, mas aquém do que poderia ser, conseguiram de alguma forma subsistir, sendo todo o resto pouco mais que familiar ou, então, negócios de vai e volta, nascem, crescem, compram-se BMW´s e MERCEDES, e desaparecem.

Não posso, no entanto, deixar de registar com bastante agrado a relativamente recente implantação, na nossa zona industrial, de novas, e novos tipos, de indústrias que, pela sua dimensão, são capazes de gerar mais valias, não só ao nível económico, mas, essencialmente, ao nível dos seus colaboradores, oferecendo-lhes formação, experiência e conhecimentos prácticos no seu ramo de negócio, podendo daí advir um possível novo empreendedor e futuro novo empresário a criar riqueza para a nossa região.

Entretanto, e de novo graças ao centralismo, deu-se a “deslocalização” do comércio tradicional da zona antiga da cidade, para a zona nova, também esta desenvolvida no centro da cidade e em terrenos adquiridos pela câmara municipal, inclusive com expropriações, para, segundo se ouvia na altura, um objectivo particular, mas que depois, dado o preço do metro quadrado, se veio a desviar para outro.

Tudo começou nos anos noventa e, por muito boa que fosse a intenção, e acredito mesmo que fosse, a retirada do trânsito da zona onde estava implantado o comercio tradicional da cidade levou-nos a assistir ao definhar desta parte da mesma.

Não tendo sido, o executivo camarário de então, capaz de perceber que em Rio Maior quem vai às compras tem de parar o carro, se possível, mesmo dentro da loja, levou a um desfecho dramático sob vários pontos de vista e, se a esta situação, juntarmos o aparecimento das grandes superfícies, então o desfecho passou de dramático a verdadeira hecatombe.

Se quase todos os comerciantes eram donos das suas casas, a mudança para a zona nova da cidade obrigava a investimentos avultados, quer fosse na aquisição de lojas caras por troca com as velhas que ninguém queria, quer fosse pelas rendas altíssimas.

Assim, o sustento de gerações garantido pelos “velhos” espaços, acabou levando ao despedimento dos empregados e à reforma da quase totalidade dos proprietários com o consequente fechar das lojas.

Se hoje dermos uma volta por esta parte da cidade, tanto a chamada rua Serpa Pinto, como a rua de cima, a do cinema, tirando alguns poucos, mas bons resistentes, mais não é que um aglomerado de lojas fechadas e de montras esquecidas, inclusive o próprio cinema.

E se, por curiosidade, alargarmos um pouco mais o passeio por esta zona “velha”, verificamos que também esta parte da cidade foi definhando, não ao ritmo rápido da economia, mas ao ritmo mais lento da própria vida.

Com uma população esmagadoramente idosa, podemos hoje ver, salvo algumas excepções recentes, um quadro de casas abandonadas ou devolutas e de ruas vazias de vida. E nem mesmo o mamarracho arquitectónico da loja do cidadão, conseguiu trazer mais que apenas algumas pessoas a pé.

Por falar em loja do cidadão, este mamarracho arquitéctonico, para não dizer, crime arquitéctonico, lesou fatalmente a única praceta típica e quase intocada que ainda restava na cidade.

Rio Maior destaca-se, desde meados dos anos 70, pelo exemplo do que não deve ser feito em matéria de urbanismo.

A corrida ao Klondike do ouro Riomaiorense, mais propriamente, a construção civil, levou a que todos os atropelos urbanísticos, não só fossem permitidos, como fossem até mesmo incentivados.

Recordo uma entrevista do Senhor José Pulquério à RTP, ainda a preto e branco, na qual, com o prédio do Largo em fundo e na sua qualidade de Presidente da Câmara, se gabava de algo como: “prédios altos serem o futuro”, com a desculpa de: “Eu nunca saí do pais, mas toda a gente diz que lá fora é assim.”

Não estando eu agora certo de o Senhor José Pulquério ter, ou não, mencionado algo mais além de: “um grandioso projecto para o futuro”, a verdade é que o projecto de um edifício de 33 andares, ladeado por outros dois de cerca de metade da implantação, foi uma realidade, chegando eu mesmo a ver uma maqueta em exposição numa das FRIMOR, algures por volta de meados dos anos 70.

Falava-se então, e com muita enfase, na possível reabertura das minas de carvão e o desenvolvimento, principalmente em termos demográficos, que esse projecto traria à cidade. Infelizmente, ou talvez não, nenhum destes projectos chegaria a ver a luz do dia.

Entretanto, apenas alguns anos antes, tinha-se dado início à abertura, e construção, da Avenida Paulo VI e, durante os cerca de 40 anos seguintes, construiu-se como se não houvesse, nem amanhã, nem tão pouco qualquer espécie de regra.

Assim, os edifícios da direita parecem ter sido rasgados dos edifícios da esquerda, uns mais à frente, outros mais atrás, com entrâncias e reentrâncias, quais urinóis de ocasião, uns altos outros baixos, uns com varandas e terraços, outros lisos e de telhados tradicionais, uns sóbrios, outros garridos.

Mas esta Avenida, e ainda que a certa altura se tenha tentado começar a corrigir os erros anteriores, não é o único exemplo do que não se deve fazer em termos urbanísticos, um pouco por toda a cidade podemos observar edifícios altíssimos rodeados por outros muitíssimo mais baixos ou até mesmo de casas de piso térreo, verdadeiros galheteiros de vinagre oxidado.

Se a construção civil já se vinha desenvolvendo em Rio Maior, da primeira metade dos anos noventa até por volta de dois mil e onze, o seu crescimento foi exponencial.

Baseados numa postura agressivamente especulativa, não houve construtores, promotores, mediadores, compradores, enfim, não houve “cão nem gato” que não tivesse tentado deitar a mão a esta “mina”, e foi um “vê se te avias” de construção quase selvagem e sem grandes, para não dizer nenhuns, critérios de uniformização.

Não deixa assim de ser curioso que, mesmo com tanta concorrência, o preço do metro quadrado construído fosse o mais caro de todas as localidades circundantes, por exemplo, um apartamento idêntico em termos de qualidade de construção, tamanho e localização, custava em média entre cinco a dez mil Euros mais que na vizinha, maior, mais turística e mais apelativa Caldas da Rainha.

Com o advento da chegada da Escola Superior de Desporto, houve inclusive, variadíssimos casos de “investidores” e especuladores a comprar tudo o que havia à venda com o único objectivo de transformar os apartamentos em quartos e alugar, para não dizer explorar, aos estudantes.

Não é por isso de estranhar que, chegada a grande crise de dois mil e onze, o ciclo da construção civil em Rio Maior tivesse o mesmo desfecho, mas de forma ainda mais abrupta, que o final do ciclo do carvão, nos anos sessenta, e do ciclo dos porqueiros do princípio dos anos oitenta, com firmas falidas, empresários, outrora ricos, a terem de imigrar, desta vez para Angola, e a restante mão de obra ou a seguir-lhes o exemplo ou então a ficar no desemprego.

Quanto aos preços do imobiliário, no que à sua exponencial escalada diz respeito, tudo começou com o aparecimento das imobiliárias. Se um apartamento no centro da cidade, em noventa e um, custava seis mil contos (trinta mil Euros), um equivalente por volta de dois mil, nunca custaria menos de quatro vezes mais, enquanto os salários nem duplicado tinham.

Graças às imobiliárias, que agora brotavam que nem malmequeres na primavera, quem tinha um pedaço de terra ou um apartamento velho, passou a ter a ideia de que tinha ali a sorte grande e quem comprava, graças à cumplicidade dos bancos que emprestavam tudo a todos, passou a ter a ilusão de que era rico, e a crise de dois mil e onze veio pôr tudo isto a nu.

Se a crise debilitou o país atacando indiscriminadamente, já em Rio Maior, a falta de indústria foi uma estranha benesse, levando a que a crise, embora forte, não se fizesse sentir com o mesmo impacto devastador que teve em muitos outros concelhos.

Mesmo assim, há dez anos que practicamente não se constrói na cidade e, devido à quebra geral de rendimentos, muitos desses “ricos” compradores, ou imigraram ou foram para o desemprego, sendo que alguns tiveram mesmo de entregar as casas ao banco com pesadas perdas financeiras.

Por outro lado, e muito bem, tentou dinamizar-se o turismo. Mas Rio Maior não tem mar, não tem um rio apelativo, practicamente não tinha qualquer tipo de capacidade hoteleira e, acima de tudo, não tinha qualquer tipo de atracção turística digna desse nome.

Assim, entre a serra dos Candeeiros, que mesmo apesar de estar debaixo da protecção de um parque natural, está retalhada por pedreiras e enfeitada por aerogeradores, e a quase milenar exploração Salineira, resolveu-se avançar para o mal menor e investir quase todo o esforço na promoção das Salinas.

Até aqui tudo bem, mas, e se a promoção tem sido forte, já o investimento para consubstanciar essas campanhas promocionais, tem sido quase nulo.

As salinas são, de facto, propriedade privada, mas, com boa vontade e cooperação, tudo se consegue, tal como o bem preciso e recentemente aberto, parque de estacionamento para autocarros. Já quanto ao resto, nada tem sido feito: “À e tal porque é típico e não se pode mexer e blá blá blá”.

E agora vou ter de ironizar: Realmente é típico que haja cabos eléctricos pendurados como estendais, é típico que haja muros partidos com tijolos à mostra, é típico que haja casas com madeira podre, são típicos também os novos talhos construídos na parte mais alta, etc., etc., etc.

Se algo de bem feito houve no que à dinamização das Marinhas do Sal diz respeito, esse algo foi, sem qualquer sombra de dúvida, a ciclovia que faz a ligação à cidade.

De um dia para o outro, dezenas, para não dizer centenas, de Riomaiorenses passaram a encher as noites das Marinhas, trazendo vida e suporte económico ao espaço e aos pequenos comerciantes ali instalados.

Quinze anos depois, e ainda que em menor escala, continua a ser um prazer para a população em geral, fazer este trajecto sempre que o tempo o permita.

Daí para a frente as ciclovias dentro e em torno da cidade, não só se multiplicaram como tiveram a benesse de trazer os Riomaiorenses para a rua, a passear, a andar, a correr, em grupos ou sozinhos a cidade ganha vida e a saúde agradece.

Mas se tantas ciclovias foram construídas para os intuitos já descritos, pelo menos duas há que por motivos de ajuda às populações, se impõe a sua construção: Rio Maior – Vale de Óbidos e Rio Maior - Zona Industrial.


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Num concelho de certa forma envelhecido e habituado a que muitos dos seus mais jovens, uma vez saídos para estudar em outras paragens, e pelos motivos já descritos, se mantenham por essas outras paragens, a instalação da Escola Superior de Desporto foi, e tem sido, uma grande mais valia para a cidade.

Assim sendo, ano após ano, temos o prazer de receber jovens de todo o país, jovens que chegam, que se instalam, que dinamizam a nossa economia e a vida da nossa cidade, que estudam, que se formam e que, infelizmente, partem. Pois mesmo apesar de sermos a Cidade do Desporto, não conseguimos absorver nem uma pequena percentagem da produção anual saída daqueles corredores.

Além de que, tirando os cerca de oitenta empregos criados pela DESMOR e de alguns ginásios espalhados pela cidade, não estou a ver, assim de repente, que mais benesses nos trouxeram, a nós cidadãos comuns, todas estas infraestruturas se até mesmo pagando é por vezes complicado ter acesso ás mesmas, ou seja, salvo raras excepções, como as piscinas, estamos exactamente como estávamos antes delas terem sido construídas.

Fosse a Escola Superior ligada ao ramo industrial e/ou tecnológico, em vez do desporto, e, mesmo apesar de termos um nível de industrialização baixo, talvez muitos destes jovens tivessem oportunidade de se radicar na nossa cidade, vejamos, por exemplo, o sucesso da escola profissional no que à empregabilidade diz respeito ou, por outro lado, sabe-se lá quantas “start up´s” poderiam ter surgido na nossa cidade.

Em 1950, Rio Maior, embora com o título de Vila devido ao facto de ser sede de conselho, pouco mais era que uma pequena aldeia com uma economia essencialmente baseada numa agricultura de subsistência e, daí para cá, Rio Maior mudou muito, já as mentalidades, essas, permaneceram quase na mesma e o pouco que mudaram foi, infelizmente e em grande parte, para pior.

Além da característica tacanhez, podemos constatar esta infeliz mudança pela falta de civismo, nomeadamente e entre outros possíveis exemplos, no que ao trânsito diz respeito. A suposta impunidade proporcionada pelos quatro piscas, aliada ao chico-espertismo, leva a que sejam comuns os avistamentos de viaturas paradas em segunda fila, e a estorvar o restante tráfego, só porque se tem preguiça, ou de andar mais vinte metros, ou de estacionar devidamente no lugar vago que estão a tapar, e ainda, qual cereja no topo do bolo, o estacionar sem qualquer tipo de pudor, nas zonas reservadas, quer a grávidas quer a deficientes e, aproveitando mais uma vez o exemplo da zona industrial, podemos observar também que continuamos a privilegiar o supérfluo ao estruturante.

Rio Maior, sem qualquer sombra de dúvida, tem sido uma imagem quase fidedigna do próprio país. Como já vimos, esteve na linha da frente da industrialização do estado novo, depois, quando o país clamava por democracia, soube levantar-se e fincar o pé contra as forças totalitaristas de esquerda saídas do 25 de Abril, a seguir, com a entrada na então CEE, chegaram os fundos europeus e, com eles, uma explosão de “JEEP´s” nas estradas para, de seguida, se observar uma catadupa de obras.

Infelizmente, todas estas oportunidades foram perdidas no que ao seu cariz estruturante diz respeito. A título de exemplo, antes deste último mandato municipal, lembra-se da última vez que foi aberta uma nova artéria na cidade de Rio Maior?

Mas de que nos serve ter todo este historial e o estatuto de cidade se, por exemplo, temos um Centro de Saúde (que só não está no centro da cidade por ter sido construído antes de 1985) que só tem urgências a funcionar aos fins de semana e das 08:00 às 14:00?

Rio Maior é talvez a nível nacional, uma das cidades mais bem localizadas geograficamente, estamos no centro do país, a 40 minutos de Lisboa e a 20 das praias da zona oeste, somos servidos por autoestradas e vias de comunicação que nos permitem chegar a qualquer ponto do país, e não só, em poucas horas, dispomos de recursos naturais ímpares, carvão, giz, sal, areia e, mesmo no verão mais seco, água, muita água, mas, e além de algum, pouco, reconhecimento e muitos mega buracos, do que nos tem servido tudo isto?

Se voltarmos ao exemplo da areia, porque é que esta continua há décadas a sair daqui para todo o lado e, além da indústria extratora, não há uma única unidade industrial em Rio Maior que aproveite esta riqueza? Se temos a sílica, porque razão não temos ainda o “Valley”?

Precisamos hoje, mais que nunca, de um plano que vise não só expandir territorialmente a cidade, mas, e acima de tudo, tornar-nos numa economia competitiva e atrativa aos olhos dos investidores, mais que nunca, é hoje preciso uma especial atenção por parte da edilidade no que à captação de investimento diz respeito.

Numa era em que tudo e todos competem com tudo e com todos, impõe-se a criação de uma equipa multidisciplinar que seja o motor primordial do desenvolvimento do nosso concelho e que tenha por objectivo não só a elaboração de um plano integrado de desenvolvimento industrial, mas, mais importante que tudo, a atracção activa de investimento à nossa cidade, por exemplo, contactar empresas, ir falar com industriais, com possíveis investidores, participar em feiras e eventos internacionais, etc.

Uma equipa composta por representantes não só dos diferentes pelouros da edilidade, mas, por exemplo, também das diferentes associações ligadas à actividade económica do concelho e que esteja em condições de oferecer oportunidades únicas aos potenciais investidores, quer seja em matéria de impostos locais, quer seja em matéria de infraestruturas e localizações e até mesmo em matéria de “lobbying”, tanto na pressão junto

das diferentes entidades para a rápida obtenção de fundos e redução de impostos, como, tão ou mais importante, na rápida atribuição das requeridas licenças.

Em género de exemplo, é absurdo, e absolutamente inaceitável, o que se passou com a farmacêutica Generis, numa altura em que se precisa de investimento como de pão para a boca, ter uma multinacional, que quer investir e criar centenas de postos de trabalho na nossa cidade, a ter de esperar que um burocrata, numa qualquer repartição de um qualquer instituto ou direcção geral, trave por larguíssimos meses a emissão das licenças necessárias ao arranque do projecto, volto a dizê-lo, é absolutamente INACEITÁVEL e incongruente e completamente antagónico com o desenvolvimento económico que tanto queremos e procuramos.

Tal como a vida há muito me ensinou, quando queremos algo temos de correr e lutar, não podemos ficar à espera que as oportunidades nos caiam no colo, e, entre outras, o BREXIT, com o consequente deslocar de muitíssimas empresas, e/ou as suas sedes, do Reino Unido para o território da União Europeia, é uma oportunidade única que não deve ser menosprezada ou encarada como algo de demasiado ambicioso, será, por exemplo, pedir muito o retorno à nossa cidade da indústria da fabricação automóvel?

Sejamos ousados e tenhamos agora a coragem de lançar os alicerces estruturantes do futuro da nossa cidade porque, senão, corremos o risco de uma destas décadas virarmos uma freguesia de Aveiras de Cima ou da Benedita.


Artigo de Opinião de Mário A. Ferreira Marques


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1 Comment


lurdesms
Feb 04, 2021

Acabo de ler este artigo de opinião, nele me revi desde a minha infância e juventude até agora! Realmente Rio Maior pouco cresceu! Certo é que eu nada fiz por ela, ela também nada tinha para me dar! Pus pés a caminho e saí com uma mão cheia de nada e outra sem coisa nenhuma, rumo à capital. Esta deu-me, com muito trabalho, dedicação e também alguma abnegação uma vida estável comecei apenas com vontade de mudar a minha sina de não ter posses para nada e com esta confiança dediquei-me ao trabalho, na altura servir em casa de pessoas, onde trabalhava, vivia e tinha a minha alimentação, aqui aproveitei para começar a instruir-me e comecei, como é obvio pel…

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