TRABALHO – O MEU PONTO DE VISTA
Agora que se anda a discutir a possibilidade de reduzir o número de dias de trabalho de 5 para 4 dias, irei expor os meus pontos de vista. Não falarei sobre a proposta em concreto, porque a desconheço.
Concordo com o que Mujica, antigo Presidente do Uruguai, referiu, que o bem mais precioso que nós temos é o tempo. Já imaginaram o que seria a intensidade com que se levava a vida se o tempo cronológico não funcionasse como prisão? Bem sei que esta visão é um pouco utópica, mas refiro-a, simplesmente como princípio que irá nortear o meu ponto de vista.
Neste sentido, trabalho faz-se de tempo. Defendo que o tempo, independentemente, do trabalho tem de ser em qualidade. A qualidade irá se refletir na produtividade. A qualidade pode ser um trabalho em que a segurança esteja assegurada, a qualidade pode ser pagamento de salários a tempo e horas, qualidade pode ser a flexibilidade para atender a obrigações familiares, qualidade pode ser música ambiente no trabalho, qualidade pode ser combate em condições ao assédio moral, qualidade pode ser condições de trabalho, qualidade pode ser planeamento, qualidade pode ser organização, enfim construir tempo de qualidade no trabalho. Não tenho dúvidas a motivação vem muito de aqui. Um líder ou um patrão, como lhe queram chamar, ganha um empregado dedicado, por exemplo, se há uma compreensão para que o empregado possa ir a uma consulta, ir a uma reunião escolar. Óbvio que uma Empresa, em que, a organização e o planeamento sejam bem feitos esta questão não se torna um problema. Para a construção dessa organização não é só o líder, administradores, pessoal técnico, os colaboradores também devem ter essa responsabilidade. Afinal, todos devem estar a trabalhar para o mesmo.
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A questão dos horários, as questões do número de dias de trabalho dependem muito do tipo de Empresa, da liderança, dos colaboradores, do tipo trabalho, da legislação … no fim vai dar tudo ao mesmo, consciência. Ou seja, o que te move? Só tu, ou um todo onde estás inserido? Se for um todo em que estás inserido as coisas são bem fáceis. Mas, para isso é necessário todos estarem despertos para o todo. Por exemplo, imaginava-me líder de uma Empresa. Havia determinados objetivos que tinham de ser cumpridos. Esses objetivos eram cumpridos em quatro dias, eram cumpridos em cinco, eram cumpridos em três, eram cumpridos com 100 horas, eram cumpridos em 150 h, eram cumpridos em 200h … tudo na perspetiva de rentabilizar o tempo. Óbvio que a legislação tem de balizar estas questões. Já imaginaram o ganho que isto traz para a qualidade de vida de um ser-humano e os ganhos acrescidos que traz a quem está à sua volta. Ganha-se em tudo! Vejamos uma família: as crianças serão sempre o futuro. Por isso é determinante terem tempo com os pais, com os irmãos, com amigos, com a restante família. Para brincarem, para confraternizarem … o futuro constrói-se com eles. Se queremos construir um futuro melhor, risonho, para eles, temos de ser melhores com eles. Temos de acabar com os depósitos de crianças, temos de acabar com a competição em ver se o meu filho está em mais atividades do que o seu amigo, temos de deixar de passar a pressão para os miúdos quando estão no futebol ou em outras em atividades, temos de deixar de fazer insultos aos árbitros quando os filhos estão a jogar, eles ouvem. Temos de participar na vida escolar da criança. Mas, para isso é necessário tempo, é necessário a paciência que tanta falta, porque o sistema está esgotado. Os pais chegam a casa exaustos e é os filhos que pagam. Mas para dar passos nesse novo sistema temos de alterar a forma como pensamos. Temos de devolver a rua aos miúdos! Se calhar a rua tem muito mais que uma hora de qualquer atividade. Atenção não sou contra as atividades. Sou contra o preencher o tempo todo da criança com obrigações. Os miúdos não podem só sentir obrigações. O miúdo tem de ter tempo de prazer, em fazer o que mais gosta! Assim, estamos a criar crianças robot, eu não quero viver num mundo de robots quero viver num Mundo de pessoas livres de serem o que são. Outro exemplo: imaginem ter uma semana de trabalho em que é só necessário 30 h, já pensaram que o restante tempo pode ser dedicado à comunidade?
Quantas mais pessoas estiverem a despertar para isto, mais transformação existirá no mundo, por que a corrente passo a passo tornar-se à maior. Haverá uns que vendo as coisas a mudarem e a ficarem melhores irão também elas mudar. A mudança está em cada um de nós, não está num, não está em alguns. É esta a minha Esperança!
Por João Pedro Violante
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