UM PAÍS DOS “SALGADINHOS”!
Portugal vive uma situação absolutamente caricata, injusta e mesmo inqualificável. Está este pobre país “prisioneiro” de alguém que poderia estar preso, tais as suspeitas que sobre si impendem. Tal criatura é o retrato, falado, televisionado, engravatado, deste sítio, que já foi um país de homens grandes. Fosse ele um pobre pilha-galinhas e há muito que estaria atrás das grades. Mas não está e certamente nesta república de compadres e comadres nunca ficará, tal o intrincado das suas ligações.
Essas ligações, aliás profusamente ilustradas em tudo o que foi revista cor-de-rosa e mesmo jornais de “referência”, são em minha opinião o seu salvo-conduto para que se mantenha por aí, livre que nem um passarinho ou passarão, neste país onde todos estamos “detidos” e sob custódia do vizinho do lado ou do idiota passante. Assim resta o murmúrio, a entrelinha, no máximo a insinuação, mas não há político que se atreva a denunciar tais ligações depois de lhe terem ido “comer à mão”. O preço era alto, mas como sabiam que não era sobre eles que lhe viria a cair a conta, lá iam.
E se uns eram convidados a passear nos seus iates, outros a passar férias nas suas quintas, outros ainda porque houve um entrelaçar de famílias, a verdade é que de uma maneira ou outra todos beneficiaram da sua magnanimidade. Afinal os amigos são para as ocasiões e se forem boas ocasiões tanto melhor. Importante era manter a ideia de que havia “um dono disto tudo”, ainda que tudo se viesse a revelar quase nada, ou mesmo nada.
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Mas houve um tempo em que UM político não lhe teve medo, nem reverência: Pedro Passos Coelho! E aí o “império de pés de barro” desmoronou-se, aquilo que parecia um gigante económico era uma cratera sem fundo que ainda hoje estamos a pagar. Mas e por pagar, há sempre um preço a pagar e esse político pagou-o. A sanha era tanta que se fizeram acordos com os lesados pela criatura para ganhar votos. Era o vale tudo que ainda hoje vale.
O país pagou e vai pagar por muitos anos o preço da gerigonça montada à sombra da criatura. A essa a capacidade financeira restante chega-lhe para ter os melhores causídicos de Portugal ou mesmo do mundo, e como tal, não há justiça que lhe chegue. Compreensivelmente. A podridão do regime é de tal ordem que a mentira se tornou aceitável e a verdade dispensável. Mentir descaradamente é comum, inventar é vulgar, sonegar nem sequer é já novidade.
“Estupidez é saber a verdade, ver a verdade e ainda assim, acreditar nas mentiras”.
Artigo de Opinião de Edgard Carvalho Gomes
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