top of page

Periodicidade: Diária

10/28/2025

VENDA DAS RAPARIGAS -AQUI TÃO PERTO!

  • comercioenoticias
  • 8 de abr. de 2023
  • 2 min de leitura

ree

Por João Maurício


Capítulo I I

Grazina foi produtor de carvão a partir da urze. Tinha luz em casa, produzida por um gerador, luxo raro na altura. Duas vezes por ano, uma galera, com rodas de borracha, levava o Grazina ao comboio a Santarém. Rumava a Lisboa onde se abastecia de tecidos modernos para a sua venda. Lembro-me de uma das suas galeras, enorme, cheia de gente que ia à Benedita, à missa, ouvir o Padre Tiago, no início da década de sessenta.

A habitação e o espaço comercial acabaram por ser expropriados, quando foi alargada a ex-EN1, atual IC2, há quase sessenta anos. Aí funcionou a primeira escola primária da zona.

Casado com uma distinta senhora de Salvaterra de Magos, não deixou descendentes diretos. Mais tarde, por questões de rentabilidade do negócio, a firma entrou em decadência e o Sr. Grazina teve um fim trágico. Era um homem teimoso, determinado, sério, generoso, empreendedor e grande admirador de Salazar com quem, diz-se, chegou a trocar correspondência.

Jaime Neto Machado, seu sobrinho, há muitos anos, entregou-me para publicação, um texto manuscrito que começava assim: «Um pouco da História da Benedita contada pelo meu avô Grazina, da Venda das Raparigas». A prosa é um pouco confusa, com algumas incorreções na construção frásica e, por isso, o texto não é publicável. Há, igualmente, uma mistura de assuntos que torna a narrativa complicada. Optámos por fazer referência, apenas, ao que achámos com algum interesse.


ree

Segundo o autor, o que o avô lhe contou passou-se entre 1800 e 1920, altura em que apareceram “carros e camionetas a motor” e, consequentemente, tudo se alterou. "Em tempos mais recuados, as pessoas faziam sociedades para comprar galeras. Assim se fazia o “intercâmbio comercial” entre a nossa região e Lisboa e, também, com a zona litoral.

Da zona da Venda das Raparigas, seguiam mercadorias para Peniche, Nazaré e outras praias. As galeras levavam azeite, batatas e vinho que trocavam por peixe. Para Lisboa, seguiam iguais mercadorias que eram descarregadas no Campo das Cebolas, na Feira da Ladra e em Campolide. Para cá traziam bacalhau, e outros produtos alimentares como massa, os quais eram difíceis de encontrar na nossa zona.

Quer isto dizer que Venda das Raparigas e Ninho de Águia foram um verdadeiro entreposto comercial do setor agrícola, há muitos, muitos anos.

(Continua)

ree

Comentários


onde comer

telefonesuteis.jpg
Gina Morais.png
RIOGRAFICA.jpg
bannered.png
Banner Riomagic.jpg
bottom of page